Piercing na língua: quais os cuidados com a saúde bucal
O piercing vem de uma tradição de pelo menos 5000 anos. Tem sido usado por diversas culturas, em várias partes do corpo e com significados diferentes. No Antigo Egito, por exemplo, apenas os faraós e as famílias reais podiam usá-lo no umbigo. Na Índia, o piercing na ala do nariz é reservado às castas mais altas. Entre Astecas e Maias, era muito comum seu uso na língua para distinguir os sacerdotes dos templos. Para os esquimós do Alasca, o piercing no lábio e na língua representava o momento da transição para o mundo adulto. Porém, o piercing na boca foi identificado pelo Instituto Nacional de Saúde como uma possível forma de transmissão das hepatites B, C, D e G.
Nas décadas de 60 e 70 o uso do piercing se tornou comum nas comunidades hippies. E nos anos 80 e 90 foi rapidamente assumido pelos punks e outras tribos. Hoje, está cada vez mais popular entre os jovens em diversos países e em todas as camadas socioeconômicas. Mas, atenção, mesmo que o procedimento seja feito em ambiente seguro, com todo o cuidado de higiene e biossegurança, o risco de infecção na colocação de um piercing é um ponto importante a se considerar.
Se o local escolhido for à boca o risco é ainda maior porque o local contém milhões de microrganismos e os tecidos são extremamente irrigados. Pela ferida aberta após a perfuração, bactérias da boca podem entrar na corrente sanguínea e causar vários tipos de infecção, como, por exemplo, a endocardite. Durante o procedimento muitos vasos sanguíneos são perfurados e pode haver um sangramento grande. As pessoas que usam botões linguais também correm o risco de engolir ou aspirar a joia. Dor, inchaço e dentes quebrados são frequentes em quem tem piercing na língua. Além do que, as peças de metal podem ferir a mucosa e causar retração gengival.
A presença de qualquer corpo estranho na boca aumenta a produção de saliva, dificulta a pronúncia correta das palavras e a mastigação. Quem escolhe usar o piercing na língua, e não quer ter mau hálito, deve ter o cuidado de removê-lo para fazer a higiene da perfuração e do metal. Isso deve ser feito diariamente, pois o biofilme que se forma sobre os dentes também se forma sobre toda a superfície do metal.
Poucos imaginam, mas traumatismo crônico na boca causados tanto por próteses mal adaptadas como pelo uso de piercings e alargadores bucais pode contribuir para o aparecimento de neoplasias (tumor). Quando o uso dos piercings está somado ao cigarro e ao álcool, o risco ao desenvolvimento de neoplasias é ainda maior. A pobre higiene bucal comumente observada ao redor destes dispositivos atua também como um fator adicional ao desenvolvimento dessas neoplasias.
Cultura, moda, expressão pessoal…não importa o motivo, antes de decidir colocar um piercing é bom estar bem consciente das consequências dessa escolha.