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8 September 2024

PMDB deixa Otto Alencar entre a cruz e a espada, entenda

Antes da votação do afastamento de Dilma no Senado, Otto Alencar, que se manifestou contra, disse que faria oposição firme e forte contra o governo Temer

O senador Otto Alencar (PSD) vai viver nos próximos dias um dilema shakespeariano. Ficar com a presidência da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) e votar a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT)? Ou entregar o cargo ao presidente interino Michel Temer (PMDB) e votar contrário ao impedimento da petista? Eis a questão.

Antes da votação do afastamento de Dilma no Senado, Otto Alencar, que se manifestou contra, disse que faria oposição firme e forte contra o governo Temer. Mas, agora os aliados do peemedebista querem trazer o senador para o grupo deles. Para alcançar esse objetivo, a presidência da Codeba será a moeda de troca. O órgão atualmente é gerido por José Muniz Rebouças, indicado pelo senador.

Nos bastidores, comenta-se que Temer não irá pedir o cargo a Otto, pelo menos, até a votação definitiva do impeachment no Senado, onde o peemedebista precisa de 54 dos 81 votos. Aliados do presidente interino avaliam, entretanto, que dificilmente vão persuadir o senador baiano a mudar de voto. A ideia, seria, na verdade, não “maltratar” o peessedista, evitando no mínimo críticas mordazes do senador contra o governo interino.

Até a próxima terça-feira (31), a distribuição de pelo menos um terço dos cargos deve ser concretizada. Já está definido que o Democratas ficará com o controle do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A instituição é a “menina dos olhos” do prefeito ACM Neto (DEM). Primeiro porque a Igreja Católica na capital baiana tem um vasto patrimônio tombado. Segundo, porque o órgão é responsável pelos casarões do Centro Histórico, que nos últimos anos têm sido alvos de especulação imobiliária.

Além do Iphan, o DEM deve ficar com a Secretaria do Patrimônio da União (SPU). Apesar de estar perto de fechar acordo para ter gente da sua confiança comandando nos dois órgãos, ACM Neto tem evitado falar publicamente sobre seus interesses. Em duas ocasiões, quando questionado sobre o assunto, disse que o momento não é de tratar de cargos no governo do aliado Temer. “Eu coloquei desde o começo, a nossa principal pretensão é o apoio do governo federal aos projetos da cidade do Salvador. Não está na pauta a discussão da indicação de nomes.

Eventualmente, se houver alguma demanda específica, a gente pode avaliar, mas isso não é uma prioridade na nossa pauta”, declarou o prefeito na última segunda-feira (23), quando deu coletiva de imprensa para detalhar o projeto que a prefeitura fará com o gigante Google na área da educação.

Antes, na semana anterior, o democrata já havia feito declaração semelhante. “Isso não está em pauta. Acho que é preciso dar tempo ao tempo para se falar em cargos, em posições, está muito cedo para tratar disso”, despistou.

Os demais cargos no estado ainda são tratados a sete chaves e não se sabe quem terá poder sobre órgãos como o Departamento Nacional de Obras e Combate à Seca (Dnocs), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), Superintendência Regional da Infraero, a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego. O deputado federal baiano Benito Gama (PTB), responsável pela distribuição dos cargos, tem destacado, no entanto, que as indicações devem ser técnicas. “É isso que o presidente quer. Ele quer trabalhar com os melhores”, frisou.