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25 November 2024

Policial se apresenta como autor de tiros que mataram jovem em pizzaria

Defesa alegou à polícia que suspeito foi afastado por transtornos mentais.

Técnico de informática de 33 anos foi baleado em restaurante de Salvador.

Um policial militar aposentado de 45 anos se apresentou, na tarde desta terça-feira (21), ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Salvador, como o autor dos tiros que mataram o técnico de informática Fábio Luiz dos Santos Carmo, 33 anos. O crime aconteceu na madrugada de sábado (18), numa pizzaria no bairro da Ribeira, no momento em que a vítima comemorava novo emprego. De acordo com a testemunhas, a agressão teria sido cometida durante discussão gerada após o autor ter sido atingido por champanhe.

Segundo a Polícia Civil, Jorge Antônio Gomes dos Santos foi até a delegacia, acompanhado do advogado, e a defesa alegou que ele é policial militar afastado por problemas de ordem mental. Ele saiu da unidade policial sem falar com a imprensa.

A Polícia Militar informou que o soldado foi demitido no ano de 2006 após responder a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) por homicídios. Os detalhes do crime não foram divulgados. No entanto, depois de quatro anos afastado, ele foi reintegrado em 2010 por ordem judicial. Quando retornou à corporação, a PM informou que a Junta Médica julgou que ele era incapaz de desempenhar a atividade policial militar e está na condição de reformado.

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Foto: TV Bahia

Diálogo pós-crime

Imagens exclusivas, divulgadas pela TV Bahia, mostram cenas registradas logo após o crime em rua atrás da pizzaria onde carros estariam estacionados. As imagens foram feitas com celular por uma pessoa que estava no local e prefere não se identificar. Nelas, é possível ver o suposto autor sendo criticado por um grupo de homens.

O vídeo mostra um grupo do lado esquerdo. Nele, um homem de bermuda branca conversa com outro de camisa preta e calça jeans. Do lado direito, um grupo de amigos de Fábio Luiz, que também é chamado de “Dudinha”.

– Você matou Dudinha, véio.

– Calma, não.

–  Márcio, Márcio . Você conhece o cara. (…) O cara tomou três tiros . Ele  morreu, véio.

Algumas pessoas que estavam ao lado se afastam e os dois continuam:

– Não me pegue, não.  Agi pelo certo. Você errou e acabou.

O jovem retruca, fala um palavrão e é repreendido.

– Epa! Modere seu linguajar.

O homem de bermuda branca se afasta e ainda diz:

– Você vai se f… sozinho, parceiro .

O homem que está de camisa preta e calça jeans parece não se abalar e responde calmamente.

– Beleza,  eu vou pegar o carro ali agora e volto.

Relato de irmã

“Ele tinha muitos amigos e era muito amado”, falou Luciana Lordelo, 30 anos, irmã do técnico de informática. Ela disse que o local onde ocorreu o crime era ponto de encontro do irmão. No dia, Fábio estava com amigos, uma prima e a namorada. Ele estava em comemoração do novo emprego e por isso resolveu se reunir na pizzaria. “Ele tinha um amigo que cantava sempre lá [na pizzaria], então ele sempre estava por lá, sempre frequentava com os amigos. A pizzaria fica aqui perto de casa, em uma rua paralela. Dá para ir andando”, conta.

Segundo Luciana Lordelo, nunca tinha acontecido algo do tipo com o irmão. Eles moram no bairro da Ribeira desde que nasceram. “Somos nascidos e criados aqui, Fábio morava aqui há 33 anos, na mesma casa e com minha mãe. Uma irmã nossa, mais nova também morava com eles. Apenas durante um ano ele foi morar em Ilhéus e voltou”, relata.

Luciana conta que por conta da morte de Fábio, a mãe está a base de remédios e ainda não consegue acreditar que perdeu o filho. “Minha mãe está muito mal, ontem [domingo] a gente conseguiu que ela dormisse. Muitos amigos vêm aqui para dar apoio. A única coisa que pedimos agora é que seja tudo feito dentro da lei e que seja feita justiça”, conta.

Ainda nesta segunda-feira, a Polícia Civil informou que já possui imagens da pizzaria e que elas estão passando por tratamento para melhor identificação dos fatos. A polícia ainda disse que está fazendo buscas pelo suspeito, que foi apontado por testemunhas, para esclarecimentos, contudo, ninguém ainda foi preso.

Caminhada

Amigos e familiares do técnico de informática pediram justiça e mais segurança durante caminhada realizada no domingo (19). O protesto ocorreu logo após o sepultamento do rapaz, no bairro da Ribeira, mesmo local onde o técnico de informática foi assassinado.

Durante a caminhada, familiares e amigos seguiram pelas ruas de dentro do bairro acompanhados por um carro de som. Alguns manifestantes vestiam camisa com a foto e o nome da vítima. O protesto pacífico não chegou a causar retenções no tráfego de veículos, segundo informações da Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador).

Os dois se afastam. Logo depois, as pessoas chegam e saem nos carros que estavam estacionados. Em seguida, uma viatura chega.

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Foto: German Maldonado/ TV Bahia

O crime

Segundo a polícia, a vítima chegou a ser encaminhada para o Hospital São Jorge, no bairro de Roma, mas não resistiu aos ferimentos.

Testemunhas apontaram que motivação da morte do técnico de informática foi o estouro de duas garrafas de champanhe. Pessoas que preferiram não se identificar, disseram que um homem que estava em uma das mesas do bar molhou Fábio Luiz e os amigos ao abrir uma garrafa de champanhe.

Minutos após, a mesma pessoa teria aberto outra garrafa, molhando novamente o grupo que estava na mesa vizinha. De acordo com as testemunhas, Fábio teria reclamado com o rapaz que estava abrindo as garrafas e foi atingido por quatro tiros no peito e no rosto.

Amigo da vítima, Carlos da Hora disse que o homem responsável pelos disparos saiu de forma fria do local. O bar onde ocorreu o crime não abriu no sábado. O estabelecimento tem câmeras, mas a polícia não informou se já recebeu as imagens do local. O homem responsável pelo crime está foragido.

Por: G1