Frio, fome, sede, cansaço e insegurança, assim tem sido a noite de dezenas de mães de famílias que têm dormido em grandes filas, a fim de garantir a matrícula de seus filhos na Rede Pública Municipal em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). [Veja todas as fotos no final da matéria]
A reportagem do SIMÕES FILHO ONLINE esteve no início da noite desta terça-feira (08/01) nas imediações da Creche Escola Andree Maquil, localizado na Avenida Paulo Souto, onde flagrou uma imensa fila de mães que estão desde as primeiras horas da manhã de hoje guardando lugar para tentar matricular seus filhos nas escolas municipais.
O período de matrícula para os novos alunos começa ainda na próxima sexta-feira (11/01) e as mães garantem que vão permanecer na frente da escola, mesmo sem a garantia de que seus filhos serão devidamente matriculados.
De acordo com as munícipes, embora pareça um absurdo, está é a única maneira que elas têm de tentar assegurar a entrada das crianças nas unidades do município, tendo em vista que a procura é muito grande e a oferta de vagas não é suficiente. Segundo as mães, são apenas 10 vagas para novos alunos.
“Eu cheguei aqui hoje às 05 horas da manhã para matricular e não tenho a vaga garantida. O atendimento ainda é sexta-feira. Nós vamos ter que dormir aqui, estamos nos revezando para ir em casa tomar banho, tomar café e voltar”, revelou dona Patrícia Araújo Ferreira, de 29 anos, moradora do bairro Santa Rosa.
Além da extrema procura, a maioria das mães se arriscam a dormir na frente da escola porque querem seus filhos estudando. No entanto, segundo elas, a escola não comporta todos os alunos da região e por isso a vaga é sempre de quem chegar primeiro.
“Quero saber o que é que o prefeito vai fazer, porque todo ano é isso. Como eu moro aqui, eu necessito matricular meu filho. Mães aqui trabalham e precisam matricular seus filhos. Estamos necessitando e queremos uma resposta do prefeito. Dinha se pronuncie, porque aqui não tem palhaço não”, desabafou Patrícia.
“A gente votou em você para você fazer a diferença, então mude esse negócio. Eu votei em você e não voto mais”, desabafou Patrícia.
Na fila há muitas mães com crianças de colo, que por não terem com quem deixar seus filhos acabaram tendo que levá-los. Além do desconforto e do relento, a maior preocupação dessas mulheres é com relação aos assaltos, que constantemente ocorrem no bairro.
“E se de madrugada nós formos assaltados? Por que aqui passa gente assaltando de madrugada, mas a gente está aqui na frente. Então prefeito, queremos uma resposta, já que o senhor diz que é um servo de Deus, então tem que fazer as coisas certas. A gente não vai ficar aqui a mercê de bandidos na madrugada. Isso está errado”, completou a cidadã.
Segundo os relatos das mães, a direção da escola informou que estão sendo disponibilizadas apenas 10 vagas para os novos alunos. Nem mesmo crianças portadoras de necessidades especiais estão sendo priorizadas.
Para a dona de casa Cizânia, mãe solteira de duas crianças gêmeas, a situação é ainda mais complicada. Sem as vagas na escola, Cizânia não tem com quem deixar os filhos para ir trabalhar e teme que falte o sustento dos filhos.
“Desde março do ano passado que eu estou procurando uma vaga e eles sempre me dizendo que não. Tenho dois filhos pequenos, não estou trabalhando e preciso muito da vaga para eu poder ir trabalhar. Me sustento só e é muito difícil cuidar de dois filhos gêmeos, com apenas dois anos”, lamentou Cizânia.
Ainda de acordo com a mãe, a diretora afirma que nem mesmo o prefeito pode interferir neste processo, mas como legítimo representante do povo, as munícipes esperam que Dinha tome alguma providência, para que nenhuma criança fique fora da escola.
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