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28 November 2024

Por que ainda há tantos casos de câncer de mama

Nossa mais importante arma para a detecção precoce é a mamografia anual, a partir dos 40 anos, como preconizam a Sociedade Brasileira de Mastologia, o Colégio Americano de Radiologia (ACR), a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e a Society of Breast Imaging (SBI), esse exame associado ao exame clínico realizado por ginecologista ou mastologista compõem o rastreamento do câncer de mama.

Há um complexo caminho a percorrer da detecção ao diagnóstico diante da presença de mamografia alterada ou da percepção de um nódulo na mama, a lesão deve ser rapidamente elucidada. Para isso é de fundamental importância um serviço de saúde bem organizado, com equipe multidisciplinar devidamente treinada formada por mastologistas, radiologistas e patologistas, além de equipamento de ponta. A amostra é preferencialmente obtida através de biópsia percutânea (punção aspirativa, core biopsy ou mamotomia). O ideal é que ocorra verdadeira sintonia entre os diversos profissionais para discussão do caso, definição da melhor área de biópsia e análise conjunta dos resultados.

A melhor propaganda para o diagnóstico precoce é ver a uma amiga que o fez, curou-se e não perdeu a mama. Várias experiências exitosas aconteceram e existem no Brasil. No Hospital Pérola Byington, na década de 90, fiz parte da equipe do professor Pinotti que organizou o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher. Foram mais de 400.000 pacientes atendidas com ações de educação para a saúde, prevenção, diagnóstico precoce e tratamento para as patologias mais frequentes que atingem as mulheres e, entre elas, o câncer de mama, com resultados surpreendentes, que nortearam políticas públicas para vários países. Outro exemplo bem-sucedido e atual é o Programa Integrado de Controle do Câncer de Mama (PICCM), que coordeno desde 2009, em uma parceria do Ministério da Saúde, Hospital Oswaldo Cruz, Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a Escola de Ginecologia e Mastologia Prof. José Aristodemo Pinotti.

É verdade que há muita complexidade envolvida no diagnóstico precoce do câncer de mama, os desafios são grandes, mas, se os os vencermos, passaremos também a economizar sofrimento e vidas.