Prazo para venda dos prédios do Hospital Espanhol se aproxima; destino é incerto
Em setembro de 2014, um ano atrás, o Hospital Espanhol fechava as portas e tirava da saúde de Salvador 270 leitos, sendo 60 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para adultos e 12 pediátricas. Desde então, o Jornal da Metrópole acompanha a degradação dos equipamentos deixados nas instalações do hospital e a possibilidade de uma possível retomada dos atendimentos, o que parece estar cada dia mais longe.
De acordo com determinação do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT 5ª Região), a Real Sociedade Espanhola — responsável pela administração do Espanhol — tem até o dia 27 de setembro para realizar a venda dos prédios da unidade hospitalar. O valor recebido deverá ser usado na quitação das dívidas trabalhistas do hospital, calculadas em cerca de R$ 20 milhões.
Porém, segundo o Fórum Independente dos Sócios, Amigos e Colaboradores do Hospital Espanhol (FISACHE), nada ainda foi resolvido. “Estamos tentando ver essa parte da negociação, através do governo do estado ou da empresa que foi contratada pela diretoria, para ver que tipo de negociação pode ser feita”, afirma o coordenador do fórum, Manolo Muiños.
Governo e empresa manifestaram interesse
De acordo com Muiños, uma empresa e o próprio governo do estado já manifestaram interesse em administrar o Espanhol. “Existe uma negociação com o governo, e a empresa que também está ‘gestionando’ o hospital nesse processo, a Prince, informa que existe, sim, uma empresa em estágio avançado negociando. Agora, precisa que as duas partes se unam para ver qual é a melhor opção para reabrir o hospital, o que é uma necessidade da cidade”, disse.
O nome da empresa interessada ainda não foi divulgado, mas segundo o Jornal da Metrópole apurou, ela atua no estado de São Paulo.
Sindimed aponta prejuízos
Segundo a promotora, Rita Tourinho, o Ministério Público acompanha o caso. “O MP investiga o empréstimo ao Espanhol através da Desenbahia, de cerca de R$ 50 milhões, e estamos acompanhando esse desenrolar. Pedimos esclarecimentos à Secretaria de Saúde, se vai haver participação e qual a participação do estado nessa negociação”, explica a promotora Rita Tourinho.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed-BA), Francisco Magalhães, a saúde sofre sem o Espanhol. “Temos um hospital com quase 300 leitos inativados, 40 vagas de UTI… É um prejuízo muito grande, porque as pessoas necessitam desses serviços”, observa Magalhães. O Jornal da Metrópole procurou o secretário estadual de Saúde, Fábio Villas Boas, mas, até a publicação dessa matéria, não obteve resposta.