Preço alto de alimentos assusta consumidor em Salvador; tomate e cebola são vilões
Alimentos chegam a subir em média de 9,5%
Nos últimos meses, ir ao supermercado e reabastecer a casa virou um fardo para muitos consumidores. Mas não por conta das filas, ou pela falta de opção em produtos, e sim pela conta final que aparecerá na caixa registradora ao final de toda compra realizada. Com produtos que chegam a subir mais de 20% de uma semana para a outra, a readaptação sofrida se coloca necessária como forma de cuidar bem do orçamento.
Este tem sido o caso da diarista Edileuza Alves de Jesus. Acostumada a fazer pesquisas de preço, e escolher os estabelecimentos com as melhores ofertas, ela tomou um susto na última semana enquanto procurava um pacote de fraldas para o neto, em um supermercado em Castelo Branco. O pacote de marca e número de unidades que sempre comprou, subiu de R$ 29,90 para R$ 39,90 no intervalo de apenas sete dias.
“Não acreditei quando vi. Parecia que era brincadeira. Nos últimos meses eu sempre comprei o mesmo pacote de fraldas para o meu neto, e sempre no mesmo local. Como pode um produto subir tanto em tão pouco tempo?!”, questionou. E não foi apenas a fralda. A diarista relata que a alta tem se refletido nos alimentos, como a carne de charque, cujo kg pulou de R$ 19 para R$ 26 no mesmo período.
O que aflige Edileuza não é diferente do que assombra outros consumidores. Afinal, os preços não sobem em apenas um ou outro centro comercial. Atualmente, os alimentos estão subindo numa média de 9,5% ao mês. O cenário, segundo o administrador de empresas, e especialista em consultoria financeira, Carlos Fraga, não chega a ser tão alarmante quando no período da hiperinflação, quando a alta atingia estratosféricos 50% ao mês, mas ainda assim, preocupante, justamente porque o consumidor perde a noção do que é caro ou barato.
“Um dos pontos negativos mais comuns de qualquer período de crise econômica é a falta de ideia do valor real que este ou aquele produto deveria ter”, afirma o especialista. Desta forma o consumidor fica refém, correndo o risco de não saber para lidar com as altas, terminando por gastar inadequadamente, ou readaptando-se ao período substituindo produtos, ou os estabelecimentos onde costuma fazer as compras – opção que tem sido mais utilizada por quem quer poupar-se o orçamento.
É o que tem feito o mecânico Juracy Ribeiro, que prefere agora comprar alguns produtos na feira, enquanto o supermercado é a opção para aqueles produtos que só são encontrados nestes locais. “Alimentos vegetais como batata e cebola, sempre estão mais caros nos supermercados. Por isso, optei por comprar esses alimentos aqui mesmo na feira”, relatou.
E a economia de Juracy se confirma: enquanto que nos supermercados, a cebola custa, em média R$ 9,00/kg, o mesmo legume pode ser encontrado por quase metade do preço na feira, R$ 5,00/kg. Um caso semelhante pode ser percebido em relação à batata inglesa, que nas feiras livres é vendida por R$ 2,80/kg, enquanto que no grande varejo, ela está por R$ 4,84.
E falando em cebola e batata, estes também são um dos vilões em termo de aumento de preço, já que, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), eles tiveram uma grande alta no período de um ano, com 47,65% e 15,41%, respectivamente. O tomate lidera a lista com a maior alta: 48,65%.
As altas ainda podem vir somadas à alta de preços que são impostas pelas próprias empresas do varejo que, para não perder a lucratividade, aumentam o preço dos produtos a uma percentagem maior do que a alta mensal, o que, segundo Fraga, não é decisão incomum no mercado.
Ainda assim, nem tudo está perdido, segundo aponta Fraga, já que a internet pode ser uma ferramenta a favor. “As ferramentas digitais podem ser grandes aliadas, no qual o consumidor pode fazer comparativos de preços entre produtos, optando por aquele que melhor cabe em seu orçamento”, o que, aliado à redução consciente do consumo, pode ser uma estratégia inteligente em tempos onde é preciso usar criatividade para gastar.
Por: Matheus Fortes / Tribuna da Bahia