Prejuízo de empresas de ônibus pode chegar a 20 mi; rodoviários temem demissões
ocê conhece alguém que esteja totalmente satisfeito com os ônibus de Salvador? Nós, não. De fato, o sistema de transporte coletivo da cidade deixa a desejar em vários aspectos – apesar dos avanços – e ainda tem muito chão para percorrer até acertar o caminho da linha Precário/Maravilhoso. Reclamações à parte, vale pontuar: ruim com, pior sem.
O grande incêndio em uma das garagens da Concessionária Salvador Norte (CSN), que faz parte da Integra, na região do Iguatemi, na madrugada da última segunda (29), ilustra bem essa afirmação. No incidente, 61 ônibus foram completamente destruídos pelo fogo e outros 17 sofreram danos – ou seja, 78 veículos fora de circulação na capital de uma hora para a outra –, segundo a Secretaria de Mobilidade (Semob).
O caso atingiu em cheio os passageiros de sete bairros, entre eles Nordeste de Amaralina, Boca do Rio e Pituba, e tão cedo não deve ser resolvido. “A perda de frota gira em torno de R$ 12 a R$ 20 milhões. Vamos ter que repor esses veículos todos. O prejuízo é alto”, avaliou Marcelo Santana, um diretores da CSN, responsável pela manutenção dos ônibus.
Sindicato das empresas de ônibus relata “situação horrível”
O diretor de relações institucionais do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Salvador (Setps), Jorge Castro, afirmou que, mesmo com as estimativas de prejuízo, não é possível dimensionar o real valor do estrago, até o momento.
“A empresa vai ter um reflexo. Para a empresa é horrível. Esse cálculo vai acontecer no dia a dia. Agora, ainda não paramos para avaliar o impacto específico. Você vai ajustando outras linhas, tem os ônibus reservas. Estamos lutando para não ter grandes impactos [para os passageiros]”, ressaltou.
300 rodoviários demitidos? Setps nega
Cada ônibus queimado era posto de trabalho para pelo menos cinco rodoviários por dia. Com o prejuízo causado pelo incêndio, o medo da demissão ficou evidente. Uma conta simples indica que mais de 300 trabalhadores ficaram “desocupados” na CSN. Entretanto, a concessionária e o Setps garantem que não haverá demissões. “Solicitamos que fosse colocada a frota reserva para garantir o trabalho dos companheiros e o atendimento à população”, disse o presidente do sindicato, Hélio Ferreira.
R$ 40 milhões de prejuízo em 2016
O prejuízo não tem sido uma novidade para as empresas de ônibus de Salvador. Em 2016, o segmento amargou um prejuízo de R$ 40 milhões, segundo dados divulgados pelo Setps.
Em maio de 2017, Jorge Castro atribuiu esse valor à queda de passageiros e ao aumento do preço do diesel. Empresários ouvidos pela Metrópole também mostraram descontentamento com incentivos da Prefeitura à população, que refletiram nas finanças das concessionárias.