Preso por matar tia e esquartejar o corpo era membro de grupo skinhead
O lutador tem tatuagens alusivas aos grupos skinhead e neonazistas, bem como a imagem de um fuzil AK-47 desenhada na testa
Fichado na polícia como skinhead e neonazista, o lutador de jiu-jítsu Guilherme Lozano Oliveira, de 22 anos, foi preso suspeito de matar a tia Kely Cristina de Oliveira com um golpe chamado mata-leão – o braço em torno ao pescoço imobiliza e sufoca a vítima. Depois, esquartejou a mulher de 44 anos, retirou as prateleiras da geladeira e lá escondeu o corpo. Tudo isso há dois meses. Só na quarta-feira (5) seu pai desconfiou do sumiço da irmã e chamou a polícia. Guilherme ainda tentou fugir, mas acabou preso em São Paulo.
Aos policiais militares que o detiveram, o acusado confessou o crime. “Estou arrependido”, disse. A Justiça decretou sua prisão por homicídio, por ocultação de cadáver e por desobediência, em razão da fuga.
Não foi a primeira vez que o lutador foi parar na cadeia. Ele passou oito meses atrás das grades em 2011, depois de participar de uma emboscada de skinheads contra punks e de matar a facadas um dos rivais: Johni Raoni Galanciak. O crime aconteceu na frente do Carioca Club, em Pinheiros, zona oeste. Acabou solto pela Justiça. Condenado a 15 anos, apelou da sentença e aguardava o julgamento do recurso em liberdade.
Na quarta-feira (5) o pai do rapaz, o aposentado Marco Antonio de Oliveira, de 48 anos, foi ao apartamento em que o filho vivia com a tia. Queria notícias da irmã. Como o jovem não soube explicar o sumiço de Kely, o pai decidiu chamar a polícia. Atendendo à denúncia, os homens da 3ª Companhia do 5º Batalhão da Polícia Militar foram ao apartamento do acusado. Ao notar a aproximação dos PMs, o lutador entrou em seu Escort preto, que tem nas portas uma cruz de ferro – símbolo militar alemão – e acelerou. Ele dirigiu o carro em alta velocidade até bater em um poste da esquina das Avenidas Julio Buono e Major Dantas Cortes, na Vila Gustavo, na zona norte. Eram 22 horas.
Nervoso
Ao delegado Milton Gomes de Oliveira, assistente do 39º DP, Lozano disse que a tia era “bipolar” e “tinha ataques nervosos”. Em um desses episódios, ocorrido havia dois meses, ele afirmou que tentou controlá-la, aplicando um golpe em seu pescoço, que a matou.
O acusado disse ao delegado que usou “força desproporcional” – além de lutador, o rapaz tem 1,90 metro de altura. O lutador contou que, após perceber que a mulher havia morrido, pensou em ligar para a polícia, mas ficou assustado. Disse que saiu de casa, ingeriu bebida alcoólica, até que teve a ideia, no mesmo dia, de ocultar o corpo. Ele afirmou ter usado um facão que tinha em casa para separar a cabeça e os membros do tronco da tia. O objeto, contou, foi descartado mais tarde em uma estrada.
Em seguida, removeu as prateleiras da geladeira para guardar todas as partes. A ideia era levá-las, peça por peça, a um sítio da família em Itapevi, na região metropolitana. Só os braços foram levados e, segundo ele, enterrados em um sítio que pertenceu à família dele.
Peritos foram ao apartamento na Vila Gustavo e acharam os restos da mulher em sacos plásticos na geladeira. O tronco estava em uma mala. Foi solicitada perícia no local e no Escort. À tarde, os investigadores foram a Itapevi tentar achar os braços no sítio, sem sucesso.
De acordo com o delegado assistente Fábio Martin, que acompanhou a busca, os braços não foram encontrados na mata apontada pelo criminoso, mas a suspeita é de que tenham sido levados por algum animal. “Acreditamos que lá era o local, uma mata fechada. Ele está colaborando com as investigações.” O delegado Martin contou que o rapaz confessou ter levado só os braços porque era mais fácil de carregar.
Desemprego
De acordo com a polícia, Guilherme estava desempregado, não tinha renda e morava de favor com a tia. Além disso, afirmou ter deixado de ser skinhead. Ainda segundo a polícia, o jovem admitiu que integrava um grupo neonazista em 2011. Também afirmou ter sido punk. O lutador tem tatuagens alusivas aos dois grupos, bem como a imagem de um fuzil AK-47 desenhada na testa.
Por: Estadão Conteúdo