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2 October 2024

Primeiro turno do Brasileiro teve público crescente, boas apresentações e destaques individuais

Apesar do calendário, comércio permanente e pessimismo com o futebol no país, torneio teve bons momentos

Os 16 jogadores da Série A nas listas das seleções principal e olímpica revelam uma boa e uma péssima notícia sobre o Campeonato Brasileiro. As convocações atestam que há boa qualidade técnica e jovens promissores. Mas a insatisfação dos clubes é reveladora do prejuízo que o calendário ainda causa ao torneio. Calendário, polêmicas com arbitragem, mudanças nos elencos e o ambiente de pessimismo pelos resultados da seleção formam um farto elenco de problemas. Mas o campeonato sobrevive. Entre prós e contras, há mais notícias boas no torneio que ontem chegou à metade: bons jogos, aumento de público e times ofensivos, por exemplo. Sem falar na imprevisibilidade, marca histórica da disputa.

PÚBLICO

A média de 17.237 já supera o campeonato de 2014. E a tendência é de crescimento. As quatro rodadas de maior público médio aconteceram na segunda metade do turno. Ainda não é possível apontar um hábito nacional de presença nos estádios. Com planos de sócios-torcedores, Corinthians e Palmeiras colocam, sistematicamente, mais de 30 mil pessoas nos jogos. O mesmo faz o Flamengo, quando vive boa fase, além do Atlético-MG, quando usa o Mineirão. As duas rodadas em que a média ultrapassou 25 mil pagantes — a 16ª e a 14ª — tiveram, pelo menos, três destes fatores. O Grêmio e o Sport tiveram crescimento recente de público. No mais, houve casos episódicos. A 15ª rodada, antecedida e sucedida pelas duas recordistas de público, teve média de 14.855 pagantes. Nela, Palmeiras, Flamengo e Corinthians foram visitantes.

JOVENS EM ALTA

Num país que sofre a sensação de carência de jogadores, em especial após resultados ruins da seleção brasileira, o Campeonato Brasileiro traz um alento. Os principais times do Brasil têm jogadores com 23 anos ou menos assumindo papéis importantes e tendo boas atuações. Não Rio, são exemplos o rubro-negro Jorge e os tricolores Gérson e Marlon. Pelo país, surgem o corintiano Luciano, o lateral do Atlético-MG Douglas Santos, os gremistas Wallace e Luan, os santistas Geuvânio e Gabriel, além de Alisson, do Cruzeiro, Rodrigo Caio e Lucão, do São Paulo, o volante Otávio, do Atlético-PR, o lateral Renê, do Sport, e o meia Valdívia e o volante Rodrigo Dourado, do Inter.

MEIAS E VOLANTES

Setor considerado mais carente do país nos últimos anos, o meio-campo apresentou bons nomes no Brasileiro. Alguns deles atuando em posições mais ofensivas, como Jádson e Renato Augusto, do Corinthians; Lucas Lima, do Santos; Gérson, do Fluminense; Valdívia, do Internacional; e Marcos Guilherme, do Atlético-PR. Atuando na linha de volantes, surgem Rafael Carioca, do Atlético-MG; Otávio, do Atlético-PR; Gabriel, do Palmeiras; e os gremistas Wallace e Maicon.

ESTILO OFENSIVO

Dos oito primeiros colocados do campeonato, pelo menos cinco — Atlético-MG, São Paulo, Grêmio, Fluminense e Palmeiras — são fortemente marcados por um estilo ofensivo. O Corinthians, fora de casa, é mais conservador. A predominância desta filosofia produziu ótimos jogos e também ajudou no crescimento do público. O quadro ao lado mostra alguns dos melhores jogos do torneio e os seus públicos.

ARBITRAGEM

A nova orientação da Fifa sobre lances de bola na mão não é seguida de maneira uniforme pelos árbitros. As diferenças de critérios criaram polêmicas. Assim como uma decisão da CBF: escalar árbitros do mesmo estado de clubes envolvidos em algumas partidas.

COMÉRCIO

O campeonato tem times em permanente formação. A 18ª rodada teve dois estreantes no Flamengo. A 19ª, teve três novidades no Vasco. Levantamento do GLOBO, comparando a primeira rodada e a 13ª, mostrou que, em um terço de disputa, metade das formações titulares do time foi alterada. Das mudanças, 40 aconteceram porque jogadores foram negociados após estrear. Outros 44 que atuaram na 13ª rodada não pertenciam ao clube na rodada inaugural.

CALENDÁRIO

Não interromper o torneio durante datas importantes da seleção voltou a trazer prejuízo. Em setembro, 16 jogadores vão desfalcar a Série A por causa de amistosos. Durante a Copa América, desfalques e atenção dividida prejudicaram quatro rodadas. Uma delas, a sétima, registrou a terceira pior média de público do primeiro turno.

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Por: Carlos Eduardo Mansur / O Globo