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27 November 2024
Foto: Reprodução / G1 Globo

Produção de moedas diminui gerando crise do troco

De acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos Moedeiros (categoria profissional única no Brasil), Aluízio Júnior, desde o ano passado tem havido uma drástica redução de solicitação do Branco Central, inclusive em termos de cédulas

Ao lado da inflação cada vez maior, a redução significativa da cunhagem de moedas pela Casa da Moeda é um dos fatores que têm influenciado a dificuldade cada vê maior de troco no comércio de Salvador, como, de resto, em todo o País. De acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos Moedeiros (categoria profissional única no Brasil), Aluízio Júnior, desde o ano passado tem havido “uma drástica redução de solicitação do Branco Central, inclusive em termos de cédulas”.

Ainda de acordo com o sindicato, “de um pedido inicial de 3,5 bilhões de cédulas e de 1,7 bilhões de moedas, o BC adquiriu somente 654 milhões das primeiras e 228 milhões das segundas. Neste ano de 2015, a previsão é fabricar 1,2 bilhão de cédulas e somente 945 milhões de moedas.”

Informa também a entidade que “na maioria dos estados, a queda na circulação foi proporcional à redução da produção. Comerciantes e consumidores estão às voltas com o problema do troco. Os primeiros encontram dificuldades para restituí-lo. Então, ou desconsideram a fração ou imputam a perda ao cliente oferecendo como troco balas e chicletes. Em Brasília, por exemplo, padarias e farmácias oferecem brindes àqueles que levarem moedas aos seus caixas.”

PERDEM O VALOR

O economista baiano Armando Avena explica que a Casa da Moeda tem um programa de cunhagem, “e se há cortes neste orçamento, pode, sim, ironicamente, falar dinheiro para produzir dinheiro.E o corte é sempre maior na moedas, já que sua produção é bem mais cara que a de cédulas, inclusive porque são feitas de metais.”

Para Avena, a escassez de troco não tem nada a ver diretamente com o comportamento da população. “O problema crucial é mesmo a redução demoedas em circulação, agravada pela reposição pela Casa da Moeda.”

Enganam-se os que pensam que os famosos “cofrinhos” para pequenas economias domésticos são os vilões na questão da redução de moedas no mercado. Segundo o economista, o principal problema é o que nível de perda de moedas ”é muito grande, especialmente em relação àquelas de pequeno valor”.

 Mas a perda não é apenas física. As moedas d menor valor também perdem, e muito, o seu poder d compra diante da inflação.Hoje, por exemplo, ninguém mais trabalha com moedas de um centavo e as de cinco centavos seguem o mesmo caminho de sumiço. “Na medida em que a inflação aumenta, a população deixa de trabalhar com pequenos valores. Imagine, por exemplo, o que você pode fazer com uma moeda de 50 centavos num feira”, ironiza Avena.

Sufoco e balas no comércio varejista

A pergunta é recorrente e chega mesmo a irritar os consumidores. Sejam em caixas de supermercados, farmácias ou bares e lanchonetes, é comum ouvir: “O senhor tem 50 centavos?”, por exemplo. Isso quando o cliente não é obrigado a ficar um tempão à espera de que alguém troque o dinheiro.

Porém, a falta de troco não se resume às moedas. Atingem também cédulas de R$ 5, por exemplo. E mesmo em estabelecimentos que acabaram de abrir suas portas – e, portanto, conforme prevê Código do Consumidor, já deveriam fazê-lo, portanto um mínimo de troco -, a dificuldade é grande.

Foi o que irritou muito a dona de casa Selma Vieira de Assis, que, ao fazer comprar em um supermercado de Brotas, no qual ela entrou assim que as portas foram abertas e foi a primeira pessoa em um dos caixas, ficou nada menos que 12 longos e irritantes minutos à espera de que a moça do caixa conseguisse troco para cobrar R$ 16 numa cédula de R$ 50.

Aqueles que trabalham nos caixas, e que não têm culpa da falta de troco, também sofrem grande estresse. A caixa de uma loja de um grande supermercado localizado na Paralela, que preferiu não se identificar, conta que já foi quase agredida fisicamente por um cliente nervoso por causa na demora do troco. “Ele xingou, me disse palavrões, mas tive que manter a calma, pelo menos por fora”. Ela denuncia que os gerentes “pouco fazem para facilitar o troco”.

Uma “solução” que não agrada aos consumidores é a oferta de balas ou chicletes no lugar do troco em dinheiro. “Sei que alguns comerciantes usam isso até mesmo para impor a venda desses produtos, mas a verdade é que às vezes não temos outra saída”, diz o caixa de uma loja de conveniência de posto de combustíveis em Salvador.

Cata Moeda na Ceasa

Diante da crise do troco, surgem algumas iniciativas do setor privado para amenizar o problema. É o que ocorreu, por exemplo, com a recente instalação do sistema denominado CataMoeda Prosegur, feita ela empresa de transportes de valores que lhe dá o nome. Instalada no Varejão 25 – Balcão Ceasa, a máquina permite que os consumidores depositem suasmoedas e troquem por cédulas (depósito mínimo de R$ 10,00).

“O CataMoeda Prosegur pode ser instalado em qualquer estabelecimento da rede varejista – supermercados, padarias, farmácias, shoppings. A ferramenta oferece vantagens tanto para os consumidores quanto para os varejistas. Para o consumidor, é oportunidade de trocar as moedasestocadas em casa. Para o varejista, é uma solução para geração de troco, já que a falta de moedas no mercado é um fator que impacta diretamente nos resultados do setor”, explica a direção da empresa.

O Varejão 25 está localizado no Balcão Ceasa, em Salvador.

Por Alex Ferraz/Tribuna da Bahia