Psoríase: 96% dos brasileiros sofrem discriminação por causa de sua pele
O Brasil é um dos líderes mundiais quando o assunto é preconceito. Isso foi o que mostrou a pesquisa global “Clear About Psoriasis”, encomendada pela farmacêutica Novartis. Entre os 31 países pesquisados, o Brasil apresentou uma das maiores médias, ao lado do Taiwan e Coréia do Sul1, quando o assunto é discriminação e humilhação. Noventa e seis por cento dos pesquisados afirmaram já ter passado por uma situação de constrangimento e 62% afirmaram que já foram questionados se a doença é contagiosa.
Além disso, 57% das pessoas afirmaram se sentir constrangidas com a sua pele, 41% tem autoestima baixa e 38% se sentem deprimidos por conta da psoríase. Setenta e nove por cento dos entrevistados brasileiros não frequentam ou evitam frequentar praia ou piscina ou não se sentem confortáveis utilizando roupas de banho. De acordo com os dados globais, as mulheres reportam mais sentimentos como vergonha, baixa autoestima ou falta de confiança, do que os homens.
Realizada com 8338 pessoas, a pesquisa – que contou com o envolvimento de 25 associações de pacientes – apontou o impacto da psoríase na qualidade de vida dos pacientes, uma vez que a doença não afeta só a saúde, mas a autoestima, os relacionamentos e a vida profissional. No Brasil, a amostragem foi de 426 pacientes, sendo 60% mulheres e 40% homens. Desses pacientes, 61% têm artrite psoriásica (doença que associa sintomas da psoríase com artrite), além da psoríase em placas e cerca de 56% não alcançaram pele sem lesão. Países latinos como México e Argentina tiveram índices melhores nesse quesito, abaixo inclusive da média global, que foi de 84%1. No país, a associação responsável foi a Psoríase Brasil.
Relações sofridas
Vale salientar que 71% dos pacientes brasileiros entrevistados são casados ou estão em um relacionamento, no entanto,56% dos pacientes sentem que a psoríase impactou nas suas relações passadas ou atuais. Esse é outro índice cuja média brasileira mostrou-se superior a média global de 43%. As relações sexuais estão entre os principais desafios para esses pacientes, cerca de 40% evitam o contato íntimo com outras pessoas.
Cerca de 60% dos pacientes empregados afirmaram que já perderam um dia de trabalho nos últimos seis meses por causa da doença. 53% dos pacientes brasileiros afirmam que a psoríase tem impacto na sua vida profissional, esse índice varia de acordo com a gravidade da doença. No universo entrevistado, 42% afirmam que não são totalmente produtivos por causa da coceira. Outros 36% não frequentam eventos sociais no trabalho e 28% tem medo de perder o emprego em função da doença
Aproximadamente 3 milhões de brasileiros sofrem com os sintomas da psoríase, doença de pele crônica e inflamatória que tem origem quando o próprio organismo faz com que células da pele comecem a se renovar mais rápido que o normal, causando lesões avermelhadas, coceira, descamação e dor. “Ao contrário de outras doenças crônicas, por ser de pele, a psoríase não permite que o paciente se esconda. Ela está ali escancarada no dia a dia e o desconhecimento da população em geral causa muito preconceito. Por isso, é fundamental que as pessoas conheçam a psoríase e saibam que ela não é contagiosa e com o tratamento correto o paciente pode levar uma vida melhor”, reforça o chefe do ambulatório de psoríase do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, Ricardo Romiti.