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23 September 2024
Foto: Sandro Campos

Raposa no subúrbio gera alerta sobre surgimento de animais silvestres na cidade

O que deveria ser só mais um dia normal na volta para casa do professor e biólogo Sandro Campos, 44, se tornou inusitado ao avistar uma animal silvestre, a Raposa-do-campo, nunca antes vista na região do subúrbio, em Salvador. O registro aconteceu em Julho e as imagens foram compartilhadas com exclusividade com o VNet e surge como um alerta sobre as consequências da ação do homem na natureza e a destruição de habitat dos animais.

Nossa equipe conversou com o biólogo que contou com detalhes como foi o encontro com a Raposa. “Eu voltava pra casa [de carro] por volta das 3 horas da manhã e vi um animal na beira da pista e percebi um movimento diferente em seu corpo. Aí retornei desconfiado que poderia ser um raposa, mas exatamente por não ser um animal típico dessa região, principalmente por não ser um animal da mata atlântica, eu achei estranho. Nessa volta que dei, parei o carro e fiquei de frente pra ela que ficou me olhando no comportamento perfeitamente normal.”

Sandro conseguiu identificar a raposa como sendo do gênero “Lycalopex” que está em risco de extinção, pois habita no cerrado, um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta por conta do avanço comerciais, industriais e das fronteiras agrícolas sobre áreas de preservação. Ele acredita que o desequilíbrio ambiental seja o principal responsável pela aparição do animal. “A frequência com que a gente está vendo animais se deslocado é muito maior do que o esperado. É um indicativo de há um desequilíbrio ou alguma ação na região de extremo impacto que está fazendo esses animais se deslocarem para eles procurarem alimentos em outras regiões”, disse.

O biólogo comentou que essa não é a primeira vez que animais silvestres têm aparecido no subúrbio. “Não é de agora que nessa região são encontrados animais silvestres no meio da população. Há pouco foi encontrado um jacaré no Rio Paraguari, em Periperi, e outro em uma situação de chuva extrema foi parar na praia de coutos.”

Sandro que possui experiência de 18 anos em resgate de fauna marinha e educação ambiental alertou sobre os riscos de saúde que a população corre com o surgimento de animais fora de seu habitat na cidade. “O deslocamento desses animais podem colocar em risco uma série de elementos, inclusive as pessoas que estão indiferentes a essa situação. Temos uma série de doenças que podem ser transmitidas por esses animais, assim como existem doenças que os animais domésticos podem transmitir para eles, criando uma relação complexa em todo ecossistema.”

O VNet entrou em contato com o Centro Estadual de Triagem de Animais Silvestre da Bahia e com a Superintendência do Ibama na Bahia para falar sobre o assunto, mas não obteve respostas até o fechamento desta matéria.