Escalado como articulador político pelo presidente Jair Bolsonaro na Câmara, o vice-líder do PSL, deputado Delegado Waldir (GO), acusou nesta quarta-feira (12) o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de usar a votação de projetos que aumentam o rombo fiscal que o novo governo herdará a partir de 1º de janeiro como moeda de troca para sua reeleição.
“Ele vai agradar a quem dá voto para ele na reeleição em vez de conversar com o presidente eleito. Hoje o PSL tem apenas oito deputados”, criticou o deputado, que deve ser anunciado ainda hoje como líder do partido, que terá a segunda maior bancada da Casa, em 2019.
Procurado pela reportagem, a assessoria de Maia informou que ele apenas pautou projetos definidos pela maioria dos líderes partidários em reunião, na semana passada, da qual o próprio Delegado Waldir participou. Na ocasião, o representante do PSL pediu a retirada de medidas de grande impacto orçamentário, mas foi derrotado pelos colegas, explica a assessoria do presidente da Câmara.
Entre as propostas que são objeto de reclamação do vice-líder do PSL está a prorrogação dos incentivos fiscais para os estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, aprovada nessa terça-feira (11) e enviada à sanção presidencial. Consultores de orçamento da Câmara estimam que a renúncia fiscal, somente nesse caso, poderá chegar a R$ 10 bilhões.
“Essas isenções só favorecem as empresas, que não geram os empregos prometidos para a população”, afirma o deputado goiano. Se quiser, o presidente Michel Temer pode deixar a decisão final para Bolsonaro, em janeiro.
Nessa hipótese, segundo o vice-líder do PSL, a tendência é que o projeto seja vetado pelo futuro presidente. “Se o presidente Bolsonaro ouvir os meus conselhos, os do Eduardo Guardia [ministro da Fazenda de Temer] e do Paulo Guedes [ministro da Economia do próximo governo], ele vetará”, diz Waldir. Em apelo aos colegas, Waldir pediu ontem que os deputados voltassem para os seus estados e dessem por encerrado o ano legislativo. Maia sugeriu ao vice-líder, então, que Bolsonaro poderia negociar com Temer o que seria sancionado ou não.
De acordo com Delegado Waldir, a equipe de Bolsonaro também teme a retirada de até R$ 18 bilhões do Fundo Soberano do Pré-sal, que seriam remanejados da saúde e da educação para a construção de gasodutos, o perdão de R$ 4 bilhões em dívidas da Cemig, por meio de um acerto de contas com a União e perdas com a regulamentação da securitização da dívida ativa da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Essas propostas estão na pauta da Câmara.