Sabesp já retirou 1/4 do volume morto
Em 35 dias consecutivos de captação de água, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) já retirou 26% dos 182,5 bilhões de litros do chamado volume morto do Sistema Cantareira.
Até ontem, segundo boletim do comitê anticrise que monitora a seca do manancial, a empresa já havia consumido 47,3 bilhões de litros da reserva profunda das represas Jaguari e Jacareí, na cidade de Joanópolis, a cerca de 100 km da capital paulista.
O índice que mede o volume de água armazenado no Sistema Cantareira registrou novo recorde negativo nesta segunda-feira (17), atingindo apenas 15% da capacidade total dos seus reservatórios
As obras necessárias para a captação inédita do volume represado abaixo do nível das comportas da Sabesp custaram cerca de R$ 80 milhões, sem licitação, e as bombas flutuantes foram acionadas no dia 15 de maio pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). O bombeamento, contudo, só começou, de fato, em 4 de junho, um dia após o volume útil das Represas Jaguari e Jacareí zerar. Juntas, elas representam cerca de 80% da capacidade do Cantareira.
Hoje, restam 57 bilhões de litros do volume morto desses dois reservatórios. Se a queda do nível de armazenamento mantiver o mesmo ritmo, essa reserva deve se esgotar em cerca de um mês. A partir de então, a Sabesp deve começar a retirar 78 bilhões de litros do volume morto da Represa Atibainha, em Nazaré Paulista, a terceira em tamanho entre os cinco reservatórios do sistema.
Pelos cálculos mais pessimistas da Sabesp, todo o estoque do volume morto deve acabar até 27 de outubro. Nesse período, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) espera que as chuvas voltem a cair no manancial, normalizando os reservatórios. Desta forma, afirma a Sabesp, o abastecimento de água na Grande São Paulo estará garantido até meados de março de 2015.
Mais água
Diante da possibilidade de a crise de estiagem se prolongar, a Sabesp já cogita usar mais 100 bilhões de litros do volume morto do Cantareira. Ao todo, o sistema possui cerca de 480 bilhões de litros que ficam abaixo do nível das comportas da Sabesp.
A ideia enfrenta resistência da Agência Nacional de Águas (ANA), um dos órgãos gestores do manancial, ao lado do Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), do governo do Estado. A ANA defende que a Sabesp deixe 5% da atual cota do 'volume morto' para depois de novembro.
Conforme o Estado revelou nesta semana, análise estatística feita pelo comitê anticrise mostra que a probabilidade de o Cantareira acumular até abril de 2015 um volume de água suficiente para tirá-lo da crise é de apenas 25%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
*Estadão conteúdo