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26 November 2024

Salvador e cidades do interior da BA têm falta de vacinas na rede pública

 

Salvador e cidades do interior da BA têm falta de vacinas na rede pública

Na capital baiana, a rede particular também enfrenta escassez.
‘A gente fica impotente’, diz mãe que precisa vacinar filho de três meses.

As vacinas que fazem parte do calendário nacional de imunização e são aplicadas de graça não estão sendo encontradas nos postos de saúde de Salvador e de cidades do interior do estado. Na capital baiana, a situação não atinge apenas postos de saúde, mas também a rede particular.

A estudante Vanessa Borges conta que foi até a Unidade de Saúde da Família, no bairro do Garcia, e saiu preocupada porque não conseguiu a vacina contra a hepatite B para o filho, que nasceu há três dias. “A gente precisa cuidar dele, proteger, e vem no posto de saúde e não tem [vacina]. A gente fica impotente, sem saber o que fazer. A informação é que [a vacina] não tem em posto nenhum e que não sabe quando vai chegar. Eu não sei o que fazer. Como é que o governo deixa faltar vacina para umas crianças tão pequeninhas?”, reclama.

Salvador e cidades do interior têm falta de vacinas na rede pública (Foto: Imagens/TV Bahia)

No Multicentro de Saúde do bairro de Amaralina, falta a vacina de reforço contra a poliomelite. A mesma que a administradora Hellen MIlazzo, mãe da pequena Maria Clara, não encontrou no 5º Centro de Saúde, na Avenida Centenário. “A sensação é de incompetência dos órgãos públicos. E ainda perguntei se posso fazer particular, mas não posso, porque não tem. Então, tenho que aguardar mesmo”, diz.

Segundo a chefe da central de vacinas de Salvador, a enfermeira Irenalda Azevedo, o Ministério da Saúde não está cumprindo o cronograma de distribuição de vacinas que combatem diversas doenças como hepatite B, raiva, tétano, difteria e a coqueluche. Já no caso da falta do reforço para a poliomelite, o motivo é uma mudança na fórmula da vacina.

“Essa vacina está sofrendo uma mudança na sua composição. A gente trabalhava com a vacina trivalente, que protegia contra três tipos de vírus da pólio e agora vamos passar a trabalhar com a vacina bivalente, que protege contra dois tipos. Como essa vacina [bivalente] ainda está em processo de fabricação e testes, ela ainda não está disponível para uso. O que foi passado por esse plano de erradicação da poliomielite no mundo, é que nós teremos esse abastecimento a partir do mês de abril, onde começaremos a trabalhar com a ‘pólio gotinha’, que é a oral, para o reforço. Mas a vacina para menor de um ano, aos dois, quatro e seis meses, que é a poliomielite desativada, não está em desabastecimento e continua disponível nos postos de saúde”, explicou Azevedo.

Falta de vacinas na capital baiana atinge tanto a reda pública quanto a particular (Foto: Imagens/TV Bahia)

Por meio de nota, o Ministério da Saúde disse que enviou, no final de fevereiro, 250 mil doses de vacinas hepatite A, hepatite B, difteria, tétano e coqueluche para a Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab). Já a Sesab, informou que os postos do interior do estado começam a receber as vacinas no dia 14 deste mês. Disse ainda que Salvador e região metropolitana já receberam lotes para regularizar a situação. Na rede particular, não há previsão de quando vai haver a regularização dos estoques.

De acordo com a chefia da central de vacinas da Secretaria Municipal de Saúde, Salvador recebeu, nesta sexta-feira (4), diversas vacinas que estavam em falta, mas o atendimento só será normalizado em todos os postos de saúde na próxima semana. Com isso, as mães devem procurar os postos a partir de segunda-feira (7).

A falta de vacinas deixa as crianças exposta às doenças, segundo explica a médica infectologista Ceuci Nunes. “A criança que precisa tomar três doses de hepatite [da vacina] se ela tomou uma só, ela vai ficar suscetível, mas assim que a vacina voltar a ser disponibilizada, ela [a criança] pode tomar e completar o esquema de vacina, que esse esquema também vai funcionar bem. Se não tiver a vacina, será necessário aguardar e tentar expor a criança o menos possível a situações que possam levar a algum risco, como não levar bebezinho para o shopping, para o lugar que tem muita gente e aguardar. A gente não tem muito o que fazer”, ensina.

Falta de vacinas também ocorre em cidades do interior da Bahia (Foto: Imagens/TV Bahia)
Em Barreiras, na região oeste da Bahia, estão em falta dois tipos de vacinas que previnem contra hepatite do tipo A e do tipo B. A orientação dos médicos é que crianças a partir dos dois meses de idade, que precisam dos medicamentos, tomem a pentavalente, que também é capaz de prevenir a hepatite dos dois tipos. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a expectativa é que a situação seja regularizada pela Sesab nos próximos 30 dias.

No município de Vitória da Conquista, 51 postos de saúde distribuídos nas zonas urbana e rural estão sem vacinas de hepatite, tríplice bacteriana e tétano. Segundo a prefeitura, a falta dos medicamentos é por conta de atrasos no fornecimento por parte do Ministério da Saúde. Por meio de nota, o executivo municipal informou que a situação deve ser regularizada ainda no mês de março. A Secretaria de Saúde do município disse que as demais vacinas do calendário nacional de imunização são oferecidas normalmente.

Em Itabuna, já faz 14 dias que faltam vacinas antitetânicas e contra hepatite do tipo B. Já a vacina que previne contra formas mais graves de tuberculose nos recém-nascidos ainda pode ser encontrada pela população, mas o estoque está reduzido. Por conta disso, o medicamento é disponibilizado apenas uma vez na semana em algumas unidades de saúde.

O município costumava receber até duas mil doses da vacina antitetânica por mês, mas desde setembro tem recebido, em média, somente 600 doses. Com isso, as pessoas que precisam do medicamento é obrigada a esperar.

Já na cidade de Feira de Santana, a 100 quilômetros de Salvador, os 92 postos de saúde estão sem vacinas contra hepatite do tipo B. As pessoas que aparecem em busca do medicamento nas unidades são orientadas a esperar. Já quem está com pressa recorre às clínicas particulares para se imunizar. Outra vacina em falta é a tríplice bacteriana, que está sendo substituída temporariamente pela polivalente, que, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, tem o mesmo efeito.