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29 September 2024

Salvador ganha espaços Carybé das Artes e Pierre Verger de Fotografia

Parceria entre Prefeitura e Exército possibilita reforma dos fortes que abrigam acervos de dois dos principais expoentes culturais da Bahia

 

Salvador conta agora com dois importantes equipamentos culturais que ressaltarão ainda mais a cultura, a arte e a beleza do local que é um dos principais cartões-postais da cidade e onde a história da capital baiana começou: a Barra. Os espaços Carybé das Artes e Pierre Verger da Fotografia, instalados respectivamente nos fortes São Diogo e Santa Maria, foram inaugurados hoje (12) pelo prefeito ACM Neto e são fruto do projeto de revitalização dos fortes da capital baiana, promovido pela Prefeitura por meio de contrato de cessão de uso gratuito das áreas com a 6ª Região Militar, responsável pelos monumentos militares.

 

A restauração dos fortes foi realizada por meio da Secretaria Municipal de Manutenção (Seman) e os projetos expográficos foram implantados sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), com investimento total de aproximadamente R$5,3 milhões. A gestão dos equipamentos culturais e a manutenção das estruturas são de responsabilidade da Prefeitura, enquanto os sítios históricos de ambos permanecerão sob a jurisdição patrimonial do Exército. Além do prefeito, participaram das inaugurações o titular da Secult, Érico Mendonça, a filha de Carybé, Solange Bernabó, e o general Artur Costa Moura, comandante da 6ª Região Militar, entre outras autoridades e personalidades da cena cultural baiana.

 

Os espaços ficarão abertos diariamente, exceto às terças-feiras, das 11h às 19h. As visitas já podem ser feitas a partir desta sexta-feira (13). O ingresso, com direito à visitação a ambos os fortes, custa R$20 (inteira), com direito a meia-entrada para estudantes e pessoas a partir de 60 anos. Nas quartas-feiras, o acesso aos equipamentos será gratuito a todos os públicos. Em visitas pré-agendadas, escolas públicas terão gratuidade a qualquer dia da semana. Os espaços contam ainda com Café Bistrô e lojas de souvenirs. Ao anoitecer, imagens do acervo sempre serão projetadas utilizando técnica de videomapping nas fachadas dos monumentos.

 

O prefeito ACM Neto afirmou que os dois equipamentos trazem “conteúdo” à requalificação da orla de Salvador. “Os fortes, com toda essa riqueza cultural, fazem parte da lógica que implantamos de requalificar o espaço público e a orla da cidade, que antes era tida como a mais abandonada do país. E não adiantava investirmos apenas na requalificação urbanística sem dar conteúdo e um novo conceito de exploração do espaço público por quem é de direito, que é o cidadão”, afirmou o gestor.

 

De acordo com o secretário da Secult, Érico Mendonça, a reabertura do Santa Maria e São Diogo, próximos ao Museu Náutico, no Largo do Farol, possibilitará a criação de um corredor cultural na Barra, com todos os atrativos que têm o intuito de promover cultura, arte, história, entretenimento, turismo e o comércio local, além de dinamizar a região. “A abertura de mais dois importantes espaços culturais na capital fortalece o nosso patrimônio, contribui para o turismo de Salvador e é uma homenagem que a Prefeitura presta a estes grandes ícones, que vivenciaram a capital e projetaram a nossa cidade além das fronteiras do país”, complementou Mendonça.

 

São Diogo – O Espaço Carybé de Artes, localizado no Forte São Diogo, no Porto da Barra, é um centro tecnológico de referência da vida e obra do artista, demonstrando através de recursos de mídia digital e realidade virtual, a grandeza do artista e sua importância dentro das mais diversas técnicas e linguagens utilizadas. A curadoria é de Solange Bernabó e o projeto expográfico da empresa Blade Design (Joãozito Pereira e Lanussi Pasquali).

 

Quem chega ao local é logo recepcionado por um áudio com um texto de Carybé em que comenta o encontro do artista com a Bahia, em frente à janela em que é possível ver o mar. Ao longo do forte, nove totens cenográficos servem de suporte para a exposição virtual do acervo em telas táteis e cada um dos equipamentos conta com um computador, que traz o programa de navegação do espaço Carybé dividido em nove eixos temáticos: Biografia, Pinacoteca
Carybé, Rota Carybé, Ilustríssimo Carybé, Carybé Encena, Carybé sem tinta, Gravuras Carybé, Incompleto Carybé e Cadernos Carybé.

 

Além disso, personagens de Carybé modelados em 3D poderão ser controladas e animadas pelo visitante com o próprio corpo, através da programação de software que utiliza o kinect, de modo a reconhecer quando um visitante está diante da projeção, replicando na projeção seus movimentos. O público também pode fazer uma “pintura virtual”, onde um cavalete e mesa com material simula um ambiente de atelier. Sobre o cavalete uma TV serve de “tela” de pintura para o visitante, que “desvela” desenhos de Carybé com movimento das mãos e pincéis. A ação é possibilitada por meio da programação de software que utilizará o Leap Motion para reconhecer os movimentos do visitante.

 

As projeções internas contam com nove projetores que colorem o espaço com desenhos de Carybé que surgem e desaparecem nas paredes do forte. Na fachada, um vídeo-mapping com desenhos do artista surgem e desaparecem nas paredes externas do Forte. Um dos grandes diferenciais tecnológicos do espaço é o Óculos de Realidade Virtual, no qual as pessoas poderão explorar os ambientes virtuais e apreciar diversas exposições que já aconteceram ou que foram criadas especificamente para o projeto. As cadeiras do Espaço Virtual foram criadas com exclusividade pelo artista visual Ramiro Barnabó, escultor e filho de Carybé.

 

Perfil – Hector Julio Páride Bernabó (1911-1997) foi um pintor, gravador, desenhista, ilustrador, ceramista, escultor, muralista, pesquisador, historiador e jornalista argentino, brasileiro naturalizado e residente no Brasil desde 1949 até sua morte. No entanto, antes mesmo de fixar residência em solo brasileiro, já produzia em 1938 os primeiros quadros inspirados na Bahia, terra que amou à primeira vista. Em 1950, com a ajuda de uma recomendação do seu amigo e compadre, o escritor Rubem Braga, e graças à assinatura mágica de dois grandes baianos, os então secretário de Educação Anísio Teixeira e o governador Otávio Mangabeira, que lhe concederam uma bolsa de um ano para desenhar a Bahia.

 

Desde então, Carybé imprimiu sua marca na cidade, onde o público poderá apreciar sua obra integrada à arquitetura da cidade, a exemplo do gradil do MAM; o mural da Assembleia Legislativa; o do aeroporto, retirado para restauração; os do Hotel da Bahia e do TCA, no Campo Grande; os painéis dos Orixás, talhados em madeira, exibidos no Museu Afro-Brasileiro, no Terreiro de Jesus; entre muitos outros.

 

Santa Maria – O Espaço Pierre Verger da Fotografia Baiana é uma forma especial de homenagear o fotógrafo e antropólogo franco-baiano Pierre Verger e, por meio deste, toda a fotografia baiana. Com esse propósito, o Forte de Santa Maria – um dos mais conhecidos e antigos monumentos arquitetônicos da cidade –– foi transformado em um local dedicado à fotografia de tal modo que consegue, pela via tecnológica, ampliar o conteúdo e viabilizar a apresentação de significativas produções realizadas no território baiano por fotógrafos baianos ou naturalizados, como Verger.

 

Além do trabalho de Verger, o acervo conta com a produção de mais 56 fotógrafos. A idealização do projeto e curadoria da exposição é de Alex Baradel, com co-curadoria de Celia Aguiar, o desenvolvimento tecnológico da Movie.Game Estúdio e o projeto expográfico de Fritz Zehnle Júnior e Rose Lima.

 

O espaço conta com uma Exposição Permanente, dividida em seis eixos principais: Retratos (mostrando desde as primeiras fotografias feitas na Bahia até as chamadas “selfies”), Paisagens Urbanas (fotos de ruas, bairros e pontos diversos da cidade, em imagens antigas e atuais), Cultos Afro-Brasileiros (fotos divididas em níveis de acesso diferenciados, conforme o conhecimento do visitante, mostrando vários momentos cerimoniais), Interior da Bahia (projeção de imagens editadas e musicadas, mostrando as diversas regiões do estado), Cenas do Cotidiano (dezenas de conjuntos de fotos divididos por palavras e temas como capoeira, carnaval e festa de largo), e Fotografia Contemporânea (ensaios de fotógrafos que mostram um extrato diverso e de vanguarda da cena fotográfica local).

 

Mensalmente serão apresentadas exposições temporárias de diversos artistas, que iniciarão no pátio interno do forte e deverá ser extrapolado até o calçadão do Porto da Barra, levando a fotografia baiana não apenas para os visitantes do museu, mas para todo o público de passantes, banhistas, turistas, malhadores.

 

Diversas exposições que aconteceram ou que foram criadas especificamente para o projeto serão visitadas através de Óculos de Realidade Virtual. Mostras de Pierre Verger, Adenor Gondim e Hirosuke Kitamura, são as primeiras disponibilizadas ao público, que explorará os ambientes virtuais e apreciará obras em lugares que não estiveram presencialmente. Outras mostras também serão inseridas no rol das infinitas possibilidades desta tecnologia, criando um banco de exposições permanentes.

 

A exposição não destaca a obra individual dos fotógrafos, mas sim propõe uma leitura da fotografia, através da qual fotos de diferentes autores e de épocas variadas são colocadas lado a lado para que se possa alcançar uma visão ampliada de tudo o que sido feito na Bahia nessa área. O uso intenso de meios e recursos tecnológicos possibilitaram transformar o museu em um espaço pioneiro no estado.

 

Perfil – Pierre Edouard Léopold Verger (1902-1996) foi um fotógrafo, etnólogo, antropólogo e pesquisador francês que viveu grande parte da sua vida na cidade de Salvador, capital do estado da Bahia, no Brasil. Ele realizou um trabalho fotográfico de grande importância, baseado no cotidiano e nas culturas populares dos cinco continentes. Além disto, produziu uma obra escrita de referência sobre as culturas afro-baiana e diaspóricas, voltando seu olhar de pesquisador para os aspectos religiosos do candomblé e tornando-os seu principal foco de interesse. Em 1988, Verger criou a Fundação Pierre Verger (FPV), da qual era doador, mantenedor e presidente, assumindo assim a transformação da sua própria casa na sede da Fundação e num centro de pesquisa. Ao falecer, deixou à Fundação Pierre Verger a tarefa de prosseguir com o seu trabalho.

 

 

AGECOM – Assessoria Geral de Comunicação