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25 November 2024
Fotos: Reprodução

Segundo especialista, praticantes de sexo em local público têm desvio psicológico

Foi-se o tempo em que sexo se fazia em locais reservados, apenas para intimidade dos envolvidos. Cada vez mais, a prática vem sendo realizada em locais públicos, e sob o olhar de muita gente. Vídeos de sessões de masturbação, sexo oral e até relações sexuais em banheiros públicos e praias são publicadas na internet diariamente. Muitas mensagens apelam para que as autoridades e a sociedade tomem providências contra o comportamento de pessoas que não se intimidam com o ato. Especialistas analisam o perfil psicológico dos praticantes.

004A prática é enquadrada como Ato Obsceno, no artigo 233 do Código Penal Brasileiro. Estações de transbordo, banheiros de shoppings e praias de Salvador são os preferidos das pessoas, que, segundo especialistas, têm “desvio psicológico”.

Apesar do incômodo, populares e até trabalhadores desabafaram e dizem não suportar o constrangimento de se deparar com situações obscenas. Um vendedor de uma loja do Shopping da Bahia, que não quis se identificar, contou: “Eu parei de frequentar alguns banheiros aqui do shopping porque cansei de ver homens tendo encontros sexuais. Parece que o banheiro é a casa deles”, disse.

Segundo a vendedora ambulante, Mônica Elen Gomes, 34 anos, que trabalha na região da Estação da Lapa há 10 anos, a prática acontece em dois banheiros da estação. “Muitas pessoas falam aqui que presenciam homens praticando sexo no banheiro do subsolo e aquele próximo ao Seteps, no andar de cima. Meu marido tem até filmagem no celular. Se meu filho entra em um lugar desse e vê isso, eu iria ficar muito indignada”, disse.

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Além dos encontros sexuais em banheiros públicos, os atos também acontecem em praias no Litoral Norte baiano e em praças públicas.

O promotor de Justiça, Davi Gallo, que atua na Promotoria de Júri do Ministério Público da Bahia (MP-BA), comentou o caso, criticou e classificou a situação como “degradação e retrocesso”. Davi Gallo ponderou que os atos obscenos são praticados por pessoas com desvio de personalidade. “Esses atos atentam contra a moral das pessoas, da família e do grupo social. A partir da hora que se mostra a genitália em local público está sim ofendendo a moral”, afirmou Gallo a um portal de notícias local.

Sobre a punição de três meses a um ano de detenção ou multa, prevista no artigo 233, do Código Penal, o promotor de Justiça disse que “atualmente tal penalidade é quase nula, diante do que está ocorrendo na sociedade”.

Sobre definição se ato é passível enquadramento criminal ou não, Davi Gallo foi enfático. “Que é crime? É crime. Continua no Código Penal? Continua. Mas, depende da forma que o judiciário encara, pois fica restrito ao juizado especial. É considerado como crime de menor potencial ofensivo. Se um policial se deparar com uma cena dessas, o máximo que ele faz é mandar parar, porque diante do juiz o caso é tido como direito de expressão. Os envolvidos alegam casuísmo”, avalia.

O promotor de Justiça finalizou classificando a situação como uma degradação e retrocesso. “Pessoas que fazem isso são pessoas amorais. O Estado releva e ainda fortalece na medida em que incentiva”, complementa.

Caso político006

O antropólogo, pesquisador e professor da Universidade Federal da Bahia, Ordep Serra, ao comentar “ato obsceno”, disparou contra os políticos brasileiros, principalmente o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), acusado de corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. “Se falando de obsceno, não existe nada mais obsceno do que o que acontece no Congresso Nacional. Ali, com certeza é muito mais que obsceno, a exemplo do que faz o deputado Eduardo Cunha”, dispara.

Sobre o comportamento das pessoas que praticam sexo em locais públicos, o antropólogo afirmou que o ato é tão antigo quanto a humanidade, mas não deixa de ser um desvio sexual e uma patologia. “Desde quando o mundo é mundo que existem voyeur e exibicionistas”, disse Ordep que criticou o apelo sexual na mídia. “A qualquer hora na televisão utiliza-se apelo sexual para vender, porque o sexo vende. Seja pra vender sandálias, cervejas ou qualquer outra coisa. O sexo vende”, pondera.

Ordep fez questão de destacar que não é moralista. “O sexo em si é uma coisa boa. Não sou moralista, mas há uma banalização e mercantilização do sexo. Tem que ser olhado como uma coisa natural e positiva. Porém uma das coisas que fazem e levam as pessoas a tal situação é a própria repressão”, afirma o especialista, que fez questão de criticar a falha na educação. “O moralismo é perverso e a falta de educação também. Deixamos de oferecer educação sexual nas escolas e consequente uma boa educação nas escolas, clara, sem moralismos idiotas, sem ocultação da sexualidade evitariam tantos problemas, a exemplo da gravidez na adolescência”, avalia.

“É patológico”

003Entrando nas questões psicológicas que levam um indivíduo a cometer tal ato, a psicóloga Renata Gonçalves, confirma a patologia. Ela explica que há diferença entre os atos e as pessoas. “Depende do tipo de pessoa que está praticando o ato, existem os psicóticos e têm desvio de comportamento, que tem necessidade de estar em público. Tem aqueles que gostam de correr risco. Se sentem muito à vontade. Muitas vezes são transtornos psicóticos ou distúrbios”, explica.

Há diferença entre a pessoa com desvio de comportamento e as pessoas que praticam sexo e às que são observadas. “Os que observam sentem prazer em somente em ver o ato, e não necessariamente em tocar a pessoa, isso é patologia e merece acompanhamento psicológico, e algumas pessoas que praticam e gostam de ser observados muitas vezes tem também o mesmo desvio”, aponta.

Renata chamou à atenção para os valores familiares. “Essa prática pode trazer consequências terríveis para a sociedade, pois o desvio de comportamento traz consequências para a vida toda. Para se criar uma base psicológica contra o desvio de comportamento, é fundamental os valores que se constroem na família, por tanto a família tem um papel fundamental. O que não quer dizer que pessoas que trazem traços de psicopatoligias não dependem tanto da formação familiar, mas não é dispensável. Definitivamente não é saudável para vida sexual de nenhum ser humano, ainda que seja um fetiche”, alerta.

Por Click Notícias
Fonte: Bocão News / Tony Silva com Colaboração Juliana Nobre