Será que Dunga poderia ter trocado os jogadores nos últimos 19 minutos do jogo?
Ruidíaz meteu a bola – com a mão – para as redes de Alisson aos 29 minutos do segundo tempo. Aos 32, depois de longa conversa com o assistente Nicolas Tarán e também com alguém por rádio, o árbitro Andrés Cunha confirmou o gol do Peru que eliminava o Brasil da Copa América Centenário. O uruguaio apitou o fim do jogo somente aos 51 minutos.
Isso significa que Dunga teve 19 minutos para fazer substituições e tentar o empate, o gol da classificação. Não fez. Por que?
“O time estava encaixado, estávamos criando situações”, limitou-se a explicar depois do jogo.
A única clara, entretanto, foi de Elias, já nos acréscimos. Hulk, atacante que jamais fez gols em jogos oficiais pela Seleção, estava em campo, havia entrado no lugar de Gabriel quando ainda estava 0 a 0. Mas não estava na área naquele momento para completar o cruzamento.
Não havia nada mesmo a fazer em 19 minutos?
O Brasil tinha, quando sofreu o gol, exatamente a mesma formação tática do início: 4-2-3-1. Hulk era o centroavante no lugar de Gabriel, que, apesar da qualidade nas finalizações, não teve a movimentação que facilitasse a infiltração dos meias.
Willian e Lucas Lima não tiveram bons desempenhos individuais. Se Dunga quisesse, poderia tê-los substituído por jogadores de mesmíssimas características, sem mudar o sistema: Lucas Moura e Paulo Henrique Ganso.
Era possível ser ainda mais ousado.
Elias, volante que teve diversas oportunidades de finalizar na Copa América, inclusive a derradeira, aos 47 do segundo tempo contra o Peru, poderia ter sido substituído por um jogador ofensivo.
Renato Augusto viraria único volante no 4-1-4-1. Willian na direita, Hulk na esquerda, Lucas Lima e Philippe Coutinho no meio, e Jonas na frente. Ou ainda: Coutinho na esquerda, Ganso no meio para tentar segurar mais a bola no ataque, e Hulk adiantado.
Enfim, havia alternativas para colocar mais um finalizador em campo.
Jonas, citado na opção anterior, foi artilheiro do Campeonato Português na temporada, e um dos maiores goleadores da Europa.
Herdou a camisa 9 de Ricardo Oliveira e estava no banco. Se ele tivesse entrado no lugar de qualquer um dos cinco jogadores de meio – Elias, Renato Augusto, Lucas Lima, Willian e Philippe Coutinho –, o Brasil até poderia ter adotado uma tática feia, mas talvez eficiente:
Jonas e Hulk dentro da área recebendo cruzamentos de todos os lados do campo, com o avanço dos laterais.
Afinal, o resultado só interessava ao Peru.
Colocar um volante no lugar de um meia, perdendo o jogo, seria estranho e certamente motivo para diversas críticas.
Mas Dunga poderia ter lançado Walace como único jogador mais preso na marcação, ou até mesmo Rodrigo Caio numa espécie de terceiro zagueiro, e soltado todo o resto do time para pressionar o Peru: os laterais, Renato Augusto, Lucas Lima – de preferência trocado por Lucas Moura, para aumentar a velocidade do time –, Willian, Coutinho e Hulk.
Ao menos seria um jogador descansado para recuperar a bola e sair com mais velocidade no meio-campo.
Dunga não mexeu. Talvez, se tivesse mexido, de nada adiantasse. O Brasil poderia até ter tomado o segundo gol. Jamais saberemos.