“Temer é traidor, traiu uma instituição, traiu uma campanha”, diz Dilma em entrevista
Em entrevista ao jornalista Mehdi Hasan, do programa “UpFront”, da rede de televisão Al Jazeera, a ex-presidente Dilma Rousseff afirma que “ficou cada vez claro, nos últimos meses, que houve um golpe de Estado no país que a tirou do cargo. Segundo ela, Michel Temer é um “traidor”. Ela defendeu ainda a realização de eleições diretas no país como forma de barrar o golpe e se reconstituir a democracia.
Presidenta Dilma em entrevista à Al JazeeraPresidenta Dilma em entrevista à Al Jazeera Leia a seguir alguns dos trechos da entrevista:
“O que me tirou do governo foi um golpe de Estado. O que se vê nestes seis é um processo de deterioração. Me tiraram para cumprir os seguintes objetivos: impedir que as investigações de corrupção chegassem até a esses que hoje ocupam o poder, implantar no Brasil o resto do processo de liberalização econômica de políticas de privatização, de flexibilização do mercado de trabalho e, sobretudo, retirar completamente os pobres do orçamento do país. Estas medidas, que são do receituário neoliberal, para serem implantadas era necessário que ocorresse essa verdadeira suspensão da democracia, que foi o meu impeachment”.
“Estamos fazendo uma luta não violenta contra este golpe. Tem vários tipos de golpe. O que ocorre no mundo, sobretudo na América Latina é o golpe parlamentar – ou golpe institucional. Um poder se aliar a segmentos de outro poder, no caso do Brasil, o parlamento se alia a segmentos do Judiciário, e dá um golpe me retirando do poder com alegações absolutamente insustentáveis. São 61 senadores contra 54 milhões de votos. Tem que se eleger um novo presidente da República para que este golpe seja de fato barrado”.
“Eu jamais esperei que ele [Temer] fosse um traidor – e ele é um traidor. A traição no nosso caso não é pessoal, é política. Ele é um traidor, a mim ele traiu enquanto presidente, ele traiu uma instituição, uma campanha. Fomos eleitos com um programa. E neste programa não estava previsto congelar os gastos de Educação e Saúde por 20 anos. Não estava previsto que pessoas só poderão se aposentar com 49 anos de contribuição”.