Terminal do porto de Salvador que custou R$ 40 milhões tem pouca utilidade
Por muito pouco, o Terminal de Passageiros de Salvador não faz jus ao título de elefante branco soteropolitano. O equipamento, que custou R$ 40 milhões, se faz útil somente em um período do ano: na temporada de navios que trazem turistas para a capital.
Com o setor cada vez mais morno, a serventia do terminal diminui de forma diretamente proporcional ao número de visitantes que chegam através do porto.
Dados do Consórcio Novo Terminal Marítimo de Salvador (Contermas), formado pelas empresas Socicam Terminais Rodoviários e ABA Infraestrutura e Logística – que administra o terminal de passageiros de Salvador – estimam que até abril de 2018, 50 navios, trazendo 151 mil passageiros, ancorem na capital baiana, enquanto no ano passado, 51 embarcações fizeram escala em Salvador.
Com uma conta que não fecha, a cidade tem que conviver com um equipamento caro e de pouca utilidade. Não é hora de reavaliar?
Para o arquiteto Fernando Peixoto, o terminal só tem dois defeitos: “É feio e não funciona”, disse Peixoto, que ainda fez duras críticas ao projeto.
“É arquitetonicamente um horror. Uma mistureba de tudo. Em pouco tempo, aquilo vai ficar complicado”, completou.
O especialista formado pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (Ufba) elegeu a má utilização como maior problema.
“É muito dinheiro para pouco ganho, só chega navio em uma época do ano. Poderia ter uma dupla função, ao menos. É arquitetura piriguete: enquanto está novinha é bonitinha, quando fica velha vira um tribufu”, brincou.
A Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) não fala sobre o assunto e a Socicam se exime de culpa no projeto. “Não nos foi dado o direito de opinar sobre arquitetura. Recebemos pronto”, afirmou.
Com o término da temporada de cruzeiros, o grande espaço do terminal que abriga lojas e restaurantes fica entregue às moscas. Em 2016, quando o Consórcio Contermas assumiu a gestão da área, a promessa foi dar utilidade ao equipamento, mas o tempo passou e nada foi resolvido.
Questionado sobre o valor do aluguel dos espaços destinados ao comércio, o gerente da Socicam, Gustavo Andrade, não soube informar, mas garantiu que existe procura.
“São negociados por meio de carta-convite. Temos tido uma boa procura”, limitou-se. (Por Bahia Econômica)