Tiroteio deixa quatro mortos e dois feridos durante operação no Jacarezinho. Bolsas com drogas são apreendidas
Quatro pessoas morreram e duas ficaram feridas durante uma operação da Polícia Militar na comunidade do Jacarezinho, Zona Norte do Rio. Os baleados foram levados para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. Um PM foi atingido por estilhaços. Os dois feridos são Lucas Meneses, de 24 anos, baleado no abdômen e levado para a sala de cirurgia, e Patricia Chagas Kiss, de 26, encaminhada para a sala de traumas com ferimento na perna esquerda.
Por volta das 8h15, uma mala e uma sacola com drogas e peças de armamentos foram retiradas da favela. A localização do material foi indicada por um dos cães do Batalhão de Ação com Cães (BAC).
O material estava em cima de uma laje, no início da comunidade, na Rua da Feira. Uma parte estava guardada entre duas paredes, na divisão entre duas casas, e outra escondida embaixo do suporte da caixa d’água, na laje. Apreendemos peças de fuzis, carregadores, cocaína, tabletes de maconha e maconha já embalada — afirma um militar do Batalhão de Operações Especiais (Bope), sem se identificar.
.
Mais cedo, a TV Globo divulgou imagens de um policial militar dando um tapa na cabeça de uma pessoa que havia sido detida. A PM informou que o militar do Batalhão de Choque (BPChq) flagrado na manhã desta segunda-feira dando o “cascudo” está “preso à disposição do comandante do BPChq”. A medida foi informada por meio de nota.
Circulação de trens interrompida
Tiros foram ouvidos desde 5h30, causando a interrupção na circulação de trens do ramal Belford Roxo da Supervia entre 5h35 e 6h45 desta segunda-feira. Neste período, o intervalo médio entre as composições chegou a cerca de 15 minutos. Moradores do Jacarezinho relatam a rotina de medo, que faz com que as pessoas evitem sair de casa:
— As pessoas estão com pavor de sair. O helicóptero sobrevoou a região muito baixo. Apesar da rotina de medo, eu fico horrorizado com isso – afirma um morador, que comenta ainda sobre os homens armados e a venda de drogas nas proximidades da estação: — Tenho sempre que passar por lá para ir trabalhar. Aquele movimento no trecho é desde sempre, já virou cena comum dentro da comunidade.
Motociclistas e carros que saem da comunidade são revistados por militares posicionados na entrada principal do Jacarezinho. Outro morador comenta que já perdeu o emprego por conta dos confrontos.
— É tiroteio todo dia, sempre de manhã. Eu não consigo sair de casa para trabalhar, já perdi até emprego por causa disso. Hoje vai ser mais um dia. Pego às 9h no Leblon, são 8h15 e eu ainda estou aqui no ponto de ônibus. Só agora acalmou e consegui sair de casa mais tranquilo.
Desde o início do ano, a Supervia precisou alterar a circulação 57 vezes em função de tiroteio nas proximidades das estações.