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5 October 2024

Tragédia em Mar Grande vai completar um ano 21 Passageiros morrem nenhuma providência foi tomada

Eram por volta das 6h30 da manhã, do dia 24 de agosto de 2017, quando uma lancha com 120 pessoas (116 passageiros e 4 tripulantes) virou em Mar Grande. A Cavalo Marinho I tinha deixado o terminal marítimo que fica no município de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, e seguia para Salvador. No momento do acidente, a embarcação estava a aproximadamente 200 metros da costa.

Foram 19 mortos, entre eles um bebê de seis meses, e duas crianças de dois anos. Na época, circulou a informação de que após as buscas, uma adolescente ainda estava desaparecida. Uma queixa sobre o desaparecimento chegou a ser prestada por uma tia da vítima na 24ª Delegacia Territorial (Vera Cruz), que confirmou o embarque da jovem. Procurada pelo BNews, a Polícia Civil esclareceu que até o presente momento não houve nenhuma comprovação do fato.

No próximo mês, quando a tragédia completa um ano, a reportagem questiona autoridades públicas sobre a conclusão das investigações. Ao site, a assessoria do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) informou que uma ação cível tramita na Justiça Estadual, de autoria da promotora Joseane Suzart. No âmbito criminal, o promotor de Justiça Ubirajara Fadigas, de Itaparica, aguarda conclusão do inquérito policial. Os promotores não comentam o assunto.

Também procurada, a assessoria da Polícia Civil detalhou que “o inquérito já havia sido remetido à Justiça e voltou para a delegacia responsável pelo caso, a 24ª Delegacia Territorial (DT/Vera Cruz), para que fossem realizadas novas diligências a pedido do MP”.

 

Após o acidente, defensores públicos do Estado (DPE) e da União (DPU) fizeram uma força-tarefa e 62 ações em favor das vítimas foram ajuizadas contra a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), Capitania dos Portos, empresa proprietária da lancha, a CL Empreendimentos, e o seu sócio, Lívio Garcia Galvão Júnior, Estado e União. A maior parte dos processos são pedidos de indenização por danos morais e materiais.

A Câmara de Vereadores de Vera Cruz também abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as responsabilidades sobre o acidente, e discutir melhorias na travessia Salvador-Mar Grande. Até esta semana, o trabalho dos vereadores ainda não tinha sido concluído.

Depois da tragédia, a Agerba disse que faz a devida fiscalização das atividades. A CL Transporte Marítimo lamentou a tragédia e disse ter se solidarizado com as vítimas do acidente. Além disso, informou que a lancha estava “com a documentação regular, estando sua vistoria com prazo de validade até 20/04/2021”. A empresa ressaltou que “submete-se diariamente às vistorias da Capitania e seus tripulantes são treinados periodicamente, além de ser fiscalizada diariamente pela Agerba”.

Em janeiro deste ano, durante apresentação do inquérito pela Marinha do Brasil foram apontados como responsáveis pelo acidente o engenheiro técnico, o dono da empresa, por negligência, e o comandante da embarcação, por imprudência. O inquérito da Marinha tem quase 1.200 páginas e foi encaminhado para o tribunal marítimo, onde permanece. A Marinha ressaltou também que o lastro da embarcação era formado por pedras. Com o balanço da lancha, as pedras (colocadas após inspeção), que pesavam cerca de 400 quilos, correram para um lado, que somado ao peso dos passageiros ocasionou o inevitável naufrágio.