Vampiro de Niterói quer sair de manicômio após 24 anos internado
Após 24 anos internado em manicômios judiciários, Marcelo Costa de Andrade, serial killer que ficou conhecido na década de 1990 como Vampiro de Niterói, após ser apontado como autor de 14 assassinatos de crianças, quer continuar seu tratamento fora de hospitais de custódia. A defesa de Marcelo pediu à Justiça sua saída do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Henrique Roxo, onde ele está internado. A promotora Danielle de Souza Caputi Kalache de Paiva, que acompanha a execução penal de Marcelo, opinou, nesta semana, pela permanência do réu na unidade. A decisão, agora, cabe à Vara de Execuções Penais.
— O pedido é para uma saída temporária, uma situação intermediária entre internação e liberdade. Mas ele não tem condições de sair do hospital psiquiátrico. Ele fala com orgulho dos delitos que praticou, não tem consciência de que o que fez é errado. Além disso, a equipe que cuida de sua internação nunca indicou que ele pudesse sair do hospital — afirma a promotora.
Em julho deste ano, o Tribunal de Justiça negou um outro pedido da defesa de Marcelo. Na ocasião, o réu queria a elaboração de um “Projeto Terapêutico de Desinstitucionalização” para que ele fosse posto em liberdade. No pedido, a Defensoria Pública, que representava Marcelo à época, alegou que ele é “mais um paciente dentre vários outros internos por medida de segurança” e que o tratamento não é uma pena, mas um meio de reinserir o réu na sociedade. Marcelo recebeu sentenças de internação psiquiátrica em cinco processos diferentes.
o advogado de Marcelo, Carlos Roberto de Santana Gargel, afirmou que assumiu recentemente o caso e ainda não vai se pronunciar sobre ele.
Laudo aponta doença mental incurável
No último laudo elaborado pela equipe da unidade onde Marcelo está internado, feito este ano, os especialistas afirmam que Marcelo é portador de doença mental incurável. Segundo a decisão da desembargadora Maria Angélica G. Guerra Guedes, que negou o pedido da defesa do réu para elaboração de tratamento alternativo, Marcelo “não apresenta condições para a construção de um projeto terapêutico”.
Ainda de acordo com o documento, por conta da gravidade do caso, seria necessário “acompanhamento mais efetivo de outras instâncias para uma discussão mais apurada” sobre a situação de Marcelo, que segundo a promotora Danielle Paiva, é única em hospitais de custódia do Rio. Marcelo está em tratamento desde setembro de 1993, quando recebeu sua primeira sentença. Os crimes que confessou ter cometido aconteceram entre abril e dezembro de 1991.
Quando foi preso, Marcelo afirmou à polícia ter assassinado 14 crianças de 5 a 13 anos após obrigá-las a praticar sexo com ele em Niterói e cidades vizinhas, na Região Metropolitana. Oito dos casos foram confirmados pela polícia. Ele alegou que matava as vítimas por acreditar que elas se juntariam a Deus e disse que atraía crianças sob promessa de lhes dar dinheiro ou comida.
O criminoso foi localizado pela polícia através do depoimento do irmão de uma das vítimas. Os dois foram encontrados por Marcelo no terminal rodoviário de Niterói. O mais velho foi morto.