Veja as Imagens do Menino que nasceu com órgãos expostos
A condição foi descoberta apenas no momento do parto, apesar de a mãe ter feito pré-natal e exames de ultrassonografia em duas etapas da gestação. “Queremos saber onde aconteceu o erro. O pessoal do hospital onde a minha filha fez a cirurgia para consertar o problema disse que quando a criança nasce com isso todo mundo já fica sabendo antes e ela é operada logo em seguida. A minha filha teve que ser transferida para outro hospital e só foi fazer a cirurgia no dia seguinte.”
Segundo a mãe, a dona de casa Paloma Hikaru Kamimura, de 19 anos, a gestação foi tranquila. “Fiz o pré-natal no posto de saúde e não teve nenhum problema. O médico me pediu ultrassom quando a bebê estava com três meses e meio e depois com seis meses. Deu tudo normal. Na minha última consulta de pré-natal, uns 14 dias antes de ela nascer, eu pedi para o médico para fazer o ultrassom morfológico porque minhas amigas e outras mulheres da minha família tinham feito e falaram para mim que era importante. Ele disse que estava tudo bem e não precisava”, conta a jovem mãe.
Cirurgião pediátrico e professor do curso de Medicina em uma universidade de Mogi das Cruzes, Kleber Sayeg afirma que normalmente o ultrassom morfológico é pedido quando as imagens do ultrassom comum captam indícios de que algo está fora do normal. “O morfológico normalmente é um exame auxiliar que é pedido quando o médico detecta alguma alteração no ultrassom comum. O morfológico pode dizer se há outras más formações associadas”, explica
Paloma e Wellington com o boletim de ocorrência que registraram sobre o caso e a certidão de nascimento da filha. (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)
O médico explica que o ultrassom comum normalmente já consegue detectar a gastrosquise. “O ultrassom normal já detecta. O morfológico é mais específico. Esta má-formação é relativamente comum, acontece mais ou menos em um a cada 4 mil nascimentos e não tem uma causa específica”, explica.
Sayeg analisou as imagens da última ultrassonografia feita por Paloma. “Pelas imagens eu não consigo ver uma gastrosquise. Pode ser que o corte da imagem não favoreça. Às vezes o ângulo em que a criança está não permite uma imagem clara”, afirm
No último ultrassom de Paloma não foi possível identificar nenhuma anomalia, segundo professor de medicina. (Foto: Pedro Carlos Leite/G1) A criança acabou nascendo um pouco antes da hora. Com oito meses e dez dias de gestação, Paloma sentiu as contrações e foi internada na Santa Casa de Mogi das Cruzes. “Estava programado que eu iria fazer parto normal, mas enquanto me preparavam os médicos viram que a neném tinha feito cocô dentro de mim. Aí fizeram a cesárea e foi a salvação, porque senão eu e a bebê podíamos correr risco”, afirma Paloma. A criança nasceu com 2,375 quilos.
Paloma afirma ter pedido ao médico que fez o pré-
natal que o ultrassom morfológico fosse realizado.
(Foto: Pedro Carlos Leite/G1)
A família acredita que houve erro e fez uma denúncia ao Conselho Regional de Medicina, além de ter registrado um boletim de ocorrência na Polícia Civil.
A secretária de Sáude de Biritiba Mirim, Virgínia Garcia Leme confirma os procedimentos para os pedidos de ultrassom. “O ultrassom morfológico só é pedido se houver alguma alteração no ultrassom comum. Porém, o exame desta gestante não mostrou nada. A gente não sabe se foi a posição do feto ou o que aconteceu. O pré-natal foi feito por um médico experiente.”
Transporte
A criança foi transferida no dia seguinte ao nascimento para um hospital do bairro de Itaquera, na capital. Lá, ela passou por cirurgia e seu quadro é estável. Porém, a família ainda enfrenta problemas. “Ela deve ficar lá por cerca de 50 dias e é preciso ficar alguém lá com ela 24 horas acompanhando”, conta Wellington, que aos 21 anos trabalha como pintor de carros.
A família procurou a Prefeitura de Biritiba Mirim em busca de transporte para São Paulo. “Na Secretaria de Saúde eles reconheceram que é obrigação da Prefeitura fornecer o transporte quando não tem o serviço específico na cidade, mas disseram que não podiam fazer nada porque o carro deles que fazia isso foi roubado. Falaram para a gente procurar a Assistência Social mas até agora ninguém nos atendeu”, afirma Andréia Aparecida Ferreira, que é irmã de Wellington.
A secretária municipal de Saúde, confirmou que a família da criança procurou ajuda, mas a administração passa por problemas. “É um município carente, necessita de ajuda. Muitas patologias são tratadas em São Paulo ou Mogi das Cruzes e o transporte não é suficiente. A gente prioriza os pacientes para manutenção da vida, como os oncológicos e os idosos. Tivemos um veículo roubado faz uns seis meses. Era uma van e a gente transportava 15 pacientes diferentes todos os dias. Estamos correndo atrás de outros veículos, fizemos pedido mas é difícil porque não estava previsto no orçamento”, conta Virgínia.
“Eu entrei em contato com a Assistência Social e eles não souberam dizer quem a família procurou. Mas disseram que podem ajudar. Estou tentando entrar em contato com a família para que eles procurem a assistência social novamente”, continua a secretária de Saúde.
O prefeito de Biritiba Mirim, Carlos Alberto Taino Junior, garante que o caso será resolvido. “Vamos resolver isso em parceria da Saúde com a Assistência Social”, afirmou, sem detalhar se será oferecido o transporte com carro próprio da Prefeitura ou se os custos serão ressarcidos.