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25 November 2024

Veja vídeo do protesto: Por conta do Coronavírus cerca de 690 indígenas já morreram e mais da metade das etnias do Brasil

s povos indígenas têm conquistado importantes vitórias na Justiça e no Congresso obrigando o governo a adotar ações de emergência para protegê-los do avanço do coronavírus. Para as lideranças dos povos originários, porém, o poder público segue se omitindo e permitindo que o vírus se espalhe sem controle nos territórios.

Os números confirmam as denúncias dos indígenas. Há duas semanas, o Metrópoles registrou uma disparada de 96% nos casos em relação ao mês anterior. Até então, eram 22.325 registros de Covid-19 em 148 povos, segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), e 633 mortos.

Desde então, foram registrados mais 4.118 casos e 57 mortes entre indígenas. O número de povos afetados chegou a 155, ainda de acordo com a Apib. É mais da metade das 305 etnias presentes no país e registradas pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Negando a ajuda de ONG

Há focos da doença em locais como a reserva do Terena, na região de Aquidauana e Anastácio, no Mato Grosso do Sul, onde 648 pessoas pegaram Covid-19 e 18 morreram. Ainda assim, o governo federal rejeitou nessa quinta-feira (20/8) uma proposta da organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) para atuar em 11 comunidades indígenas locais, com uma população de 6 mil pessoas.

“E é técnico também. Eles não resolvem nem aceitam ajuda porque são muito ruins. Apresentam planos horríveis nessa ação no STF, que precisamos ficar respondendo. Enquanto isso, as vitórias que tivemos não chegam nas bases”, lamenta Eloy, que pediu ajuda do Ministério Público Federal para liberar a atuação do MSF na reserva Terena.

“Os Médicos Sem Fronteiras não precisam da autorização do governo para fazer atendimento humanitário. O conselho do povo Terena pediu que eles fossem até lá porque o governo não estava dando conta. O que o Ministério da Saúde faz ao tentar barrar é negar o auxílio humanitário, além de se omitir”, conclui o advogado.

“Vai ter sangue derramado no asfalto”

Os indígenas também pedem socorro em um protesto que fecha, desde segunda-feira (17/8), a BR-163, na altura de Novo Progresso, no sudoeste do Pará. É a cidade do infame “dia do fogo”, suposta combinação entre fazendeiros para provocar incêndios florestais em 2019.

Os Kayapó Mekrãgnoti estão na pista, que é um corredor de grãos, apesar de uma decisão judicial que os mandou sair, e divulgaram uma carta em tom dramático, exigindo mudanças na chefia da Funai na região.

“A saúde indígena está cada vez mais fraca”, diz o texto. “Nosso manifesto é pacífico, não queremos brigar, mas não aceitamos o Exército, a Polícia Federal ou a Polícia Militar vir aqui nos tirar à força. Desse jeito, vai ter sangue derramado no asfalto. Estamos aqui defendendo a proteção da Amazônia e a proteção do nosso território. Nossos direitos estão sendo violados”, registra ainda o protesto dos Kayapó.

Veja a manifestação dos indígenas na BR-163:

Fonte: Metrópoles