Vereadores afirmam que representação negra na Câmara é desproporcional
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística (IBGE), pouco mais de 80% da população soteropolitana é composta por negros e a representação desse povo na Câmara de Salvador não é proporcional a esse dado. Tal situação foi uma conclusão dos vereadores Silvio Humberto (PSB), Moisés Rocha (PT) e Edvaldo Brito (PTB).
Para Silvio, os dados mostram que as hierarquias sociais soteropolitanas ainda não foram superadas. “Teríamos o quantitativo para eleger, mas essa proporcionalidade fiel não existe. Não conseguimos eleger sequer um prefeito negro nessa cidade. Temos que superar o racismo e aos poucos isso vem sendo superado”, disse.
De acordo com o socialista, as ações afirmativas nas áreas de educação e emprego fazem avançar a reparação. “Ainda tem muito a ser feito”, concluiu.
Moisés Rocha comparou a situação da CMS como as dos demais ambientes da cidade. “Se você for a um shopping em Salvador você vai ver que eles são divididos por áreas, andares em que em alguns ambientes você não vê negro. Tem alguns bares que você não vê os negros. Existe a divisão nos bairros e na Câmara é o mesmo. A proporcionalidade não é justa”, analisou. “A cidade, por si só, é desproporcional e desigual”, completou.
Brito, no entanto, foi mais além ao comentar a proporção. “Tem uma frase que diz que na Bahia, mesmo a pessoa sendo branca, tem um negro na prole. Se olharmos sobre essa questão, não temos problema. Mas na equação em números quanto a cor da pele, estamos aquém da nossa realidade”, definiu.
FERIADO – Os três foram enfáticos quanto a necessidade de existir um feriado para marcar a comemoração da data. Salvador não pode transformar a nível municipal, pois não possui mais espaço em seu calendário.
“Quando fui vice-prefeito, na época de João Henrique, em uma dessas comemorações, tínhamos formalizado o decreto, mas o corpo jurídico da ocasião falou que não era possível, pois a cidade já tinha feriados municipais. Eu acho que não teríamos problema, pois quem seria capaz de arguir na justiça de forma contrária tamanha homenagem? Questionou Edvaldo Brito.
Rocha acredita que a ação agora deve passar pelo Congresso. “Temos que ter um feriado nacional”, defendeu.
Silvio Humberto destacou que a data é forte, independente de feriado. “Seria bom um feriado, mas independente dele avançamos. Era só um dia, passou para ser uma semana, agora é um mês de debate e comemoração, isso demonstra a relevância do tema”, discorreu.