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5 December 2024

Zoológico de Salvador afugenta visitantes com sujeira e falta de animais

Há alguns anos sem visitar o Parque Zoobotânico Getúlio Vargas — o zoológico de Salvador —, o músico Valter Filho não consegue entender no que o espaço se transformou. “A visita foi uma ingrata surpresa, pelo extremo abandono. São notórios os maus tratos, é notório o descaso”, lembra. Em abril de 2014, o Jornal da Metrópole constatou o estado de abandono do zoo. Mais de um ano depois da promessa de melhorias, grande parte dos recintos de animais estão vazios e vários dos que têm bichos estão tomados pelo lixo.

 “A principal revolta foi quando vi a parte dos macacos, uma ilha cercada por água. Mas aquilo não é água, é extremamente amarela, parece cheia de fezes. Por cima, uma camada de óleo. Ou seja, o que separa o visitante do animal é um rio de sujeira. Os animais irritados, as jaulas não comportavam os animais… Muitas situações desagradáveis”, afirma Valter. Como se não bastasse, o espaço destinado ao visitante também acumula reclamações. São banheiros depredados, lanchonetes em péssimas condições e bebedouros que acumulam ferrugem.

Cemitério de animais?

Administrado pelo Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), o zoológico teve sua última reforma em 1992. Desde então, nada melhora a infraestrutura do espaço, que, além da falta de animais, também não possui funcionários suficientes. “Em algumas etapas, as gaiolas estavam vazias, os macacos haviam desaparecido. Algumas coisas pareceram muito estranhas. Para mim, pareceu que o animal morreu, e aí desabilitaram [a jaula] dizendo que estava em manutenção”, opina o músico. De acordo com uma fonte ligada ao Jornal da Metrópole, o destino dos animais mortos é o próprio zoo. “De 2013 para 2014, morreram quatro zebras e ninguém sabe o porquê, numa sequência de dois meses. Tem um cemitério clandestino no zoológico. Eu presenciei o enterro de uma delas ali”, conta.

Em um ano, pouca coisa mudou

Em 2001, as denúncias de falta de infraestrutura e maus tratos aos animais fizeram com que o Ministério Público da Bahia (MP-BA) investigasse as irregularidades, o que resultou em um  Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que obrigava a direção do zoo a melhorar a situação do espaço.  Porém, uma vistoria feita pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) em abril de 2014 mostrou que os problemas de infraestrutura e segurança ainda persistiam.  Mais de um ano depois, pouca coisa foi feita. Procurado pelo Jornal da Metrópole, o promotor Luciano Santana, que acompanha o caso, informou, em nota, que ainda “apura algumas irregularidades apontadas no zoológico”. O diretor do zoológico, Gerson Norberto, também foi procurado inúmeras vezes pelo Jornal da Metrópole, sem sucesso.

Metro1